O Brasil arrancou esta semana com testes clínicos avançados com uma vacina fabricada na China contra o novo coronavírus, emitindo as primeiras doses para cerca de 900 voluntários, anunciaram as autoridades sanitárias.
A vacina contra o coronavírus, desenvolvida pela empresa farmacêutica privada chinesa Sinovac, é a terceira no mundo a entrar nos ensaios da Fase 3 – em larga escala em humanos – o último passo antes da aprovação regulamentar.
“Os testes do CoronaVac, uma das vacinas que mais avançaram no mundo, começaram no Hospital Clínico de São Paulo”, disse o governador do estado, João Doria, em entrevista coletiva no início da semana.
Acrescentou que os resultados iniciais são esperados num prazo de 90 dias. A Sinovac participa nos ensaios em parceria com um centro brasileiro de pesquisa em saúde pública, o Instituto Butantan.
Se a vacina se mostrar segura e eficaz, o instituto terá o direito de produzir 120 milhões de doses sob acordo, segundo autoridades.
“No Brasil, poderíamos ter a primeira vacina amplamente utilizada, o que é muito, muito promissor”, disse o chefe do Instituto Butantan, Dimas Covas. Será administrada a médicos e outros profissionais de saúde que se voluntariam para o programa em seis estados do Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia.
O Brasil é o segundo país mais atingido pela pandemia de coronavírus, depois dos Estados Unidos.
O número de mortos ultrapassou 80.000 no início da semana e há registo de 2,1 milhões de pessoas infetadas com o novo coronavírus. Estes números sombrios fazem do país um campo de testes ideal para possíveis vacinas, já que o vírus continua a espalhar-se rapidamente.
O Brasil também está a colaborar na realização de testes da Fase 3 de outra vacina experimental, desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e pela empresa farmacêutica AstraZeneca.
Outra vacina, desenvolvida pela empresa chinesa estatal Sinopharm, também entrou na Fase 3 de testes este mês nos Emirados Árabes Unidos.
Estes três testes são os mais avançados entre dezenas de projetos em curso por todo o mundo na corrida da ciência para desenvolver uma vacina eficaz contra o novo vírus. Uma quarta vacina já existente, contra a tuberculose, está também em ensaios da Fase 3 na Austrália como uma potencial imunização contra o coronavírus.