“A qualidade da gastronomia de Macau é elevada”

por Filipa Rodrigues
Solange Safrão

O chef Rodolfo Serritelli está apaixonado pela comida tradicional de Senigalia, uma cidade portuária italiana na costa do mar Adriático. A carreira começou no restaurante do pai e na escola de culinária. Trabalhava no restaurante da família todos os fins-de-semana e foi aí que desenvolveu o  talento e a paixão pela comida. 

“O meu pai é chef e influenciou-me muito. Temos uma trattoria e cozinhar era uma atividade familiar em casa. Lembro-me que nos primeiros dias em que me levou ao restaurante estava ali só para ver como funciona uma cozinha”, contou. 

Serritelli é o chef executivo da Rossi Trattoria no Studio City Macau, um restaurante especializado em cozinha rústica e de estilo country, originalmente da Itália Oriental. Veio abrir o restaurante em Macau há dois  anos e tem trabalhado e vivido aqui durante esse período. 

“ Adoro deste trabalho e quando estou na cozinha gosto de me sentir útil. Se alguém precisar de mim para cortar cebolas ou legumes estou sempre disposto a fazê-lo”, explicou. 

Para nossa surpresa, a  tarefa preferida na cozinha é limpar peixe. Considerou que é um “momento bonito” quando tem a oportunidade de pôr as mãos em peixe fresco e prepará-lo.  

Salientou ainda que aprecia a  equipa e que o  objetivo é “extrair o melhor de cada profissional”. Admite que existe uma barreira linguística porque a equipa integra pessoas de  diferentes nacionalidades. 

 Lembrou momentos desafiantes na cozinha quando não conseguia comunicar eficientemente com alguns dos chefs e o produto final foi afetado. O tempo na cozinha é limitado e há muitas coisas a serem feitas ao mesmo tempo. No entanto, Serriteli disse acreditar fortemente no potencial da  equipa.  Para o chef cozinhar uma é coisa “bonita” e todos na cozinha cozinham com o coração.

“Cada prato que vem da minha cozinha é provado por mim. Controlo a cozinha em geral, no entanto, se um colega chef fez um prato, definitivamente deixo-o brilhar e levar o crédito pelo seu trabalho”, disse. 

A  forma italiana de cozinhar não mudou muito em Macau. Serritelli deixou claro que mantém a essência italiana nos  pratos e quer que os clientes “sintam que estão em Itália quando  vêm ao restaurante”. 

“As minhas irmãs, a minha mãe e o meu pai visitaram-me em Macau e vieram aqui ao restaurante. Gostaram. Fiquei contente por saber que sentiam que estavam a comer em Itália”, afirmou, com um sorriso.

Tentamos não desperdiçar comida e ser criativos na preparação dos nossos pratos

A única adaptação, ligeira, que teve de fazer foi reduzir a quantidade de açúcar nas sobremesas preparadas em Macau. Na Europa gostam de sobremesas mais adoçadas e em Macau as pessoas não parecem gostar de sobremesas muito doces. 

Serritelli está impressionado e adora a comida de Macau.  A primeira refeição em Macau foi no Bi Ying, um restaurante que serve comida chinesa típica. Esta foi a primeira vez que provou comida chinesa e adorou. 

“Estou satisfeito sempre  que como em Macau. A comida aqui é muito boa. Mesmo que se gaste 100MOP (patacas) recebe-se comida deliciosa”, disse. 

Também disse gostar do feedback que recebe dos clientes locais, sente que apreciam os pratos e também gosta de confecionar comida italiana para eles. Admitiu que nem todos os pratos típicos italianos são apreciados em Macau, mas tem a certeza de que a Pizza Romana, a Carbonara e a Pasta são amadas pelos clientes locais. 

Para Serritelli, quem está à frente de uma cozinha precisa de ter a capacidade de diferenciar o sabor da comida boa e má. “Essa é a qualidade mais importante de um chef: ter bom gosto”. 

Um bom cozinheiro e um bom chef em geral também precisam de ter cuidado com os ingredientes . 

“A segurança alimentar e a qualidade dos alimentos são inseparáveis. Não se pode ter alta qualidade alimentar e baixa segurança alimentar e isso é rigorosamente observado pelo Departamento de Segurança Alimentar de Studio City”, assegurou.  

 O contributo como chef é ensinar aos funcionários da cozinha que têm de “respeitar o produto com que estão a lidar”, o que significa que todos devem respeitar o trabalho das pessoas que fazem um esforço para produzir os ingredientes que vão ser cozinhados. Por exemplo, os produtos hortícolas são colhidos pelos agricultores e, por isso, quando cozinham, devem estar cientes de que alguém se esforçou para plantar os legumes que estão a utilizar. Por isso, tentam desperdiçar menos comida.

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