O lamento do herói

por Filipa Rodrigues
David ChanDavid Chan

Na semana passada, John Lewis, líder do movimento dos direitos civis afroamericanos e ex-deputado norte-americano, morreu de cancro no pâncreas com 80 anos de idade. Tanto Bill Clinton como Barack Obama partilharam online os tributos ao ex-deputado, e um membro da Câmara dos Representantes descreveu-o como um dos maiores heróis da história dos EUA, “a consciência do congresso”.

John Lewis começou a estar envolvido nos movimentos de luta pela igualdade racial nos EUA na década de 1960, tendo sido premiado com a Medalha Presidencial da Liberdade. Foi membro da Câmara dos Representantes durante mais de 30 anos. Passou grande parte da vida a lutar pela liberdade, igualdade e direitos humanos dos afroamericanos. Na década de 60, com pouco mais de 20 anos, participou no movimento contra as políticas de segregação racial nos transportes públicos americanos.

Em agosto de 1963, juntou-se ao professor Martin Luther King Jr., líder pelos direitos civis afroamericanos, na marcha em frente ao Memorial Lincoln em Washington, onde também falou ao público após o discurso “Eu tenho um sonho”.

é uma pena que Lewis tenha morrido numa altura em que os seus irmãos afroamericanos estão mais uma vez a lutar pela igualdade racial nos EUA. 

John Lewis foi ainda o último a discursar quando liderou centenas de pessoas numa marcha pacífica pela luta pelo direito de voto dos afroamericanos no Alabama em 1965. Mas foi vítima de violência policial ficando com uma fratura no crânio. Este evento foi uma das respostas mais violentas da administração branca americana sobre o movimento de igualdade de direitos civis dos EUA, conhecido como “Domingo Sangrento” no país. Desde então que as minorias raciais no país possuem direito de voto. 

Nascido em 1940 numa família de agricultores no estado do Alabama, Lewis afirma ter sido detido mais de 40 vezes. Cinco desde que foi eleito como deputado em 1986, estando cada detenção relacionada com movimentos pelos direitos de afroamericanos. No passado mês de dezembro anunciou o diagnóstico de cancro no pâncreas, já em estado avançado. Porém, assegurando que nunca iria deixar de lutar contra a desigualdade racial. O ex-deputado afirmou: “Lutei pela liberdade, igualdade e direitos humanos básicos toda a minha vida”.

O mês passado, em Washington, participou de bengala numa marcha na Casa Branca com Muriel Bowser demostrando o apoio aos manifestantes do movimento “Black Lives Matter”. Agora, Lewis já não está entre nós. Lutou pela igualdade quase toda a vida, foi ferido, o seu professor foi morto e foi detido dezenas de vezes.

Embora alguns dos direitos pelos quais ele e os colegas tenham lutado sejam já uma realidade, não sendo já necessário cederem o lugar no autocarro a cidadãos brancos, e ajudando a que Barack Obama chegasse à presidência, é uma pena que Lewis tenha morrido numa altura em que os seus irmãos afroamericanos estão mais uma vez a lutar pela igualdade racial nos EUA. 

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