EUA: Especialista de Singapura admite espionagem a favor da China

por Marco Carvalho

Um especialista em ciências políticas oriundo de Singapura, acusado de espiar os Estados Unidos da América (EUA) por ordem das autoridades chinesas, declarou-se na sexta-feira culpado perante um juiz em Washington, informou o Departamento de Justiça norte-americano.

Jun Wei Yeo, também conhecido por Dickson Yeo, reconheceu ser um agente não declarado de uma potência estrangeira. O acusado incorre numa pena que pode ir até dez anos de prisão.

De acordo com as agências internacionais, que citam documentos do processo, este especialista em Ciências Políticas foi recrutado em 2015 por agentes chineses para fornecer, numa fase inicial, informações sobre países do continente asiático.

Mais tarde, as autoridades chinesas terão pedido para concentrar esforços em informações relacionadas com os Estados Unidos.

Em 2018, Jun Wei Yeo criou uma empresa de consultadoria de fachada para recrutar, reunir currículos e informações de militares ou de funcionários norte-americanos que trabalhavam em áreas classificadas como sensíveis.

Posteriormente, essas informações eram transmitidas a Pequim.

“Após o recrutamento destas pessoas, pagava-lhes para escreverem relatórios com a justificação que eram documentos destinados a clientes na Ásia, mas sem revelar que estes eram transmitidos ao governo chinês”, segundo o documento de admissão de culpa, citado pelas agências internacionais.

No seu perfil no LinkedIn (rede social profissional direcionada para a procura e oferta de emprego), Jun Wei Yeo apresentava-se como um “especialista de risco político que criava pontes entre a América do Norte, Pequim, Tóquio e o Sudeste Asiático”.

A pena de prisão deve ser proferida durante uma audiência agendada para 09 de outubro deste ano. Este caso surge num momento de alta tensão entre a China e os EUA, que nos últimos dias renovou de forma veemente as acusações de espionagem contra Pequim.

No seguimento de tais acusações, as autoridades norte-americanas exigiram esta semana o encerramento do consulado chinês em Houston (Estado do Texas), uma das cinco representações diplomáticas chinesas nos EUA, alegando a proteção da propriedade intelectual norte-americana.

O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, declarou, na quinta-feira, que o consulado chinês em Houston servia como um centro para a “espionagem chinesa e usurpação de propriedade intelectual norte-americana”, apelando às “nações livres” que ajudassem a mudar o sistema político chinês.

Em retaliação, Pequim ordenou o encerramento do consulado dos Estados Unidos em Chengdu, no sudoeste do país.

A decisão constitui “uma resposta legítima e necessária às medidas irracionais dos Estados Unidos”, defendeu, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China: “O governo chinês utiliza a duplicidade de várias formas para obter informações sensíveis de americanos crédulos. O senhor Jun Wei Yeo foi uma peça central de um desses estratagemas”, comentou John Demers, responsável pela área da segurança nacional do Departamento de Justiça (equivalente ao Ministério da Justiça), num comunicado sobre o caso específico deste cidadão de Singapura.

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