Início Portugal Cerca de 150 pessoas manifestam-se em Lisboa “contra o fascismo e a xenofobia”

Cerca de 150 pessoas manifestam-se em Lisboa “contra o fascismo e a xenofobia”

Cerca de 150 pessoas manifestaram-se este sábado em Lisboa gritando palavras de ordem “contra o fascismo e a xenofobia”, numa iniciativa organizada pela Frente Unitária Antifascista (FUA) e apoiada pelos partidos Livre e Movimento Alternativa Socialista (MAS).

Em declarações à agência Lusa, no Príncipe Real, onde os manifestantes se concentraram a partir das 15:00, Vasco Santos, um dos coordenadores da FUA e militante do MAS, acusou os partidos com assento parlamentar de estarem “com a cabeça enterrada dentro da areia” face à “extrema-direita fascista” em Portugal.

Vasco Santos explicou que esta manifestação foi convocada também como resposta a “uma concentração de várias organizações fascistas” marcada para hoje junto ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa – à semelhança do que aconteceu no dia 10 de agosto do ano passado, quando fizeram um protesto contra a “conferência nacionalista” que se realizou nessa data.

Dirigindo-se sobretudo aos partidos da esquerda, citando em particular PCP, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista “Os Verdes”, o coordenador da FUA pediu-lhes que “comecem, de facto, a chamar a atenção para este problema”, adotando “uma atitude mais firme”, e que “não deixem continuar a bola a rolar desta forma, porque, se não, vai correr bastante mal”.

“Estão a ignorar o perigo que existe até já com um partido de extrema-direita [no parlamento], no caso, o Chega, de André Ventura, o qual diz mesmo que se está nas tintas para a Constituição e que quer criar uma quarta República. Ou seja, dá todos os sinais que nos deviam servir de alarme”, considerou o ex-candidato às eleições europeias de 2019 pelo MAS.

Ao longo do percurso entre o Príncipe Real e o Cais do Sodré, que começou pelas 16:00 e terminou perto das 17:00, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “A nossa luta é todo o dia contra o fascismo e a xenofobia” e “25 de Abril, sempre, fascismo nunca mais”.

A meio do trajeto, entre o Bairro Alto e o Chiado, fizeram um minuto de silêncio em memória de Alcindo Monteiro, cidadão português nascido em Cabo Verde que morreu em 1995, após ter sido espancado por neonazis, ali perto, no dia 10 de junho.

Já depois das 17:00, no Cais do Sodré, houve alguns discursos, incluindo da dirigente do Livre Isabel Mendes Lopes, que declarou que o seu partido não podia deixar de estar presente nesta manifestação.

“O fascismo está a ressurgir por todo o mundo. Já não são só sementes, já temos mesmo ervas a crescer por todo o mundo, e não pode ser, temos de cortar o mal pela raiz. E como é que fazemos isso? Assim, dizendo que nas ruas não queremos fascismo”, defendeu.

De acordo com o manifesto desta “2.ª Mobilização Antifascista”, a mobilização “tem por objetivo denunciar não só a situação cada vez mais alarmante do crescimento da extrema-direita em Portugal e da presença de grupos criminosos e terroristas defendendo esta ideologia” a atuar em Portugal, “como também a falta de vontade política por parte do Governo, das instituições estatais e até de alguma esquerda parlamentar em combater ativamente esta problemática”.

No texto, subscrito pela FUA e por outras organizações, é feito um alerta quanto à existência de grupos neonazis em Portugal com ligações ao tráfico de armas, a milícias paramilitares estrangeiras e a grupos terroristas e lamenta-se que o Tribunal Constitucional tenha permitido “a legalização e, consequentemente, eleição de um partido fascista com ligações comprovadas com estes grupos”, em alusão ao Chega.

“Não podemos aceitar que a conivência das nossas autoridades e dos nossos partidos parlamentares continue a legitimar estes grupos, permitindo a sua livre organização e atuação em ataque à população, aos valores democráticos e aos direitos conquistados na Constituição de Abril”, lê-se no manifesto.

Por outro lado, salienta-se que aguarda ainda debate na Assembleia da República uma petição que deu entrada em dezembro do ano passado “Contra conferências neonazis em Portugal e pela ilegalização efetiva de grupos de cariz fascista/racista/neonazis”, com mais de 9000 assinaturas.

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