Alemanha alerta China sobre preocupações com Hong Kong

por Marco Carvalho

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha alertou na sexta-feira o homólogo chinês que se a China “corroer” a autonomia de Hong Kong através da nova lei de segurança nacional isso terá “consequências” para as relações bilaterais.

De acordo com as declarações de Heiko Maas, difundidas na imprensa no final de uma teleconferência com Wang Yi, o ministro alemão comunicou que a “postura europeia” em relação à nova situação jurídica do enclave é a de que existe “necessidade de atuar”.

“Estamos a acompanhar de perto como a lei é aplicada na prática, tendo também em vista as eleições do Conselho Legislativo. Se a lei de segurança corroer o princípio ‘um país, dois sistemas’, isto terá consequências para a nossa relação com Hong Kong e a China”, indicou Maas.

A nova lei, que endurece as penas contra atividades consideradas subversivas, provocou uma rejeição total dos Estados Unidos e do Reino Unido, assim como de organizações de direitos humanos, embora a União Europeia (UE) tenha adotado, até ao momento, um tom mais moderado.

Segundo Maas, é “decisivo” manter a cooperação e o diálogo com a China, um país que qualificou como “parceiro importante, mas também competidor e rival sistémico”, no que toca também a “temas críticos”.

“Para nós, é e continuará a ser importante que, com base nos compromissos da China no âmbito do direito internacional, se respeite a autonomia de Hong Kong e as liberdades garantidas para a Lei Básica, na qual se inclui a liberdade de opinião”, avisou o ministro.

Segundo assinalou, a Alemanha – que ocupa a presidência rotativa do Conselho da União Europeia – espera, no entanto, que seja possível realizar a cimeira China-UE, prevista inicialmente para setembro e adiada devido à pandemia, com o objetivo de obter resultados diante de um acordo de investimento.

Maas enfatizou ainda que o “fortalecimento” da soberania digital europeia é uma das chaves da presidência alemã, já que a segurança das principais infraestruturas é um “interesse estratégico”.

Por isso, segundo disse, comunicou ao homólogo chinês que para a implementação das redes 5G na Europa vão fixar-se critérios de segurança que todas as empresas concessionárias deverão cumprir.

Apesar das pressões dos Estados Unidos para excluir a empresa chinesa Huawei da implantação de redes de quinta geração pelo suposto perigo que representa para a segurança nacional, a Alemanha insiste que não planeia descartar ‘a priori’ a tecnologia chinesa, colocando-se assim no centro da guerra comercial entre Washington e Pequim.

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