Norte quer mais critério no uso dos milhões da Europa

por Filipe Sousa
Rafael Barbosa

Na conferência “Os caminhos da recuperação económica em Portugal: hipóteses a Norte”, Elisa Ferreira disse que um plano de recuperação “histórico” exige soluções que “não repitam receitas do passado”. Rui Moreira pediu “mais critério” no uso dos milhões que vão chegar da Europa.

“Pedimos uma bazuca, aqui está ela”. A frase é de Elisa Ferreira, comissária europeia para a Coesão e Reformas, já no final da conferência “Os caminhos da recuperação económica em Portugal: hipóteses a Norte”, promovida pelo JN e pela Câmara do Porto. Milhares de milhões de euros que não podem cair nas mãos “dos suspeitos do costume”, alertou Rui Moreira, minutos antes de lançar a candidatura de Fernando Freire de Sousa a um novo mandato à frente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).

Foi uma discussão com propositado “sotaque” nortenho a que juntou quase duas dezenas de autarcas e dirigentes no Rivoli, ao longo do dia de ontem. “O Norte quer ser ouvido”, sintetizou o autarca do Porto, “não pela divergência, mas pela diferença”. Porque os “remédios” que aí vêm “têm de estar adaptados à diversidade” do país e até da região. O tempo escasseia – Elisa Ferreira lembrou que a Comissão Europeia espera receber as primeiras propostas no final do verão -, mas “não nos podemos encantar pelos milhões que aí vêm”, advertiu o autarca portuense, pedindo “mais critério” nos investimentos. “A cada custo, tem de responder um benefício”, ao contrário do que sucedeu no passado e em sucessivas vagas de subsídios europeus.

É preciso “fazer mais e melhor” e ainda por cima num quadro em que “faltam instrumentos” essenciais à região. Sintetizando o que já se ouvira ao economista Guilherme Costa, o presidente da Câmara do Porto lembrou que já não existe proximidade ao sistema financeiro (o que havia “emigrou” há muito para Lisboa), como nunca houve ao poder institucional do Estado. E foi nesse quadro o alerta para o perigo de o dinheiro que vem da Europa ser “investido nos suspeitos do costume”. Se assim for, “vamos ter mais novelas como a do Novo Banco”.

Usando palavras mais diplomáticas, Elisa Ferreira disse afinal o mesmo: sugere que não se perca tempo a fazer diagnósticos já conhecidos e que se use “um pacote de apoios tão brutal como foi a crise” para promover “uma transformação qualitativa que nunca conseguimos” antes, seja na região Norte, seja no país.

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