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Como se temia, a pandemia está para ficar. Ninguém sabe quando se vai; se a vacina chega antes ou depois do remédio… Mas este ano não é certamente. Em Macau, Lisboa, São Paulo ou Pequim, a economia retrai e definha… perde até a energia da reconversão. Uns resistem, apostam na resiliência e no “regresso à normalidade”; outros mudam, aceleram a busca por novos rumos, rendidos ao “tempo de guerra”. Não há no horizonte certezas, da real dimensão da crise, ou do patamar do qual se fará a retoma.
São vários os governos que esvaziam os cofres e injetam massa financeira no curto prazo. Pretendem assim segurar o emprego e promover o consumo. Não conseguem acelerar o futuro. É preciso começar de novo, a partir de outro ponto focal. O tempo corre contra a economia e é preciso reagir, com força, convicção e foco. No curto e no médio prazo.
O caso de Macau é paradigmático. Há anos que se fala da diversificação económica, com dois caminhos iluminados: integração regional, na Grande Baía, e ligação aos Países de Língua Portuguesa, com projeção internacional. São oportunidades – a primeira mais evidente – que levam tempo a estruturar, ganhar agentes, rotinas e oportunidades. Muitos analistas adotam agora a tese segundo a qual a Covid-19 acelera a mudança, reconverte modelos de negócios, antecipa a modernidade.
Há, de facto, essa esperança. Contudo, sem efeitos no curto prazo. Macau não pode enfrentar o próximo ano resignado à bolha de saúde pública que barrou a mobilidade e isolou a cidade. Muito menos pode esperar que a pandemia passe e a economia retorne, como num passo de mágica.
Vai ser preciso coragem para abrir as fronteiras e deixar voltar o turismo. Gradualmente e com regras, mas é preciso fazê-lo. Provavelmente é preciso voltar aos mercados VIP, porque a diversificação económica, bem como a reinvenção dos tempos, na Grande Baía e na Lusofonia, leva o seu tempo. É, aliás, uma corrida contra o tempo, para a qual arrancamos atrasados, em toda a linha.