Igrejas brasileiras repensam reabertura após morte de padres e pastores por Covid

por Filipe Sousa
Everton Lopes Batista

Governo Bolsonaro autorizou reuniões sem máscara, mas católicos e evangélicos registaram dezenas de vítimas mortais. Por isso, estão a avaliar estratégias para cerimónias presenciais e ponderam seguir regras das prefeituras e governos de estado.

Dezenas de pastores da igreja evangélica Assembleia de Deus, alguns deles presidentes da denominação em cidades do Paraná, de Mato Grosso e do Ceará, e pelo menos 14 padres católicos morreram nos últimos meses por complicações da Covid-19.

A CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), maior organização de igrejas evangélicas, com mais de 100 mil pastores associados e cerca de 25 milhões de fiéis, não informou um número exato de mortes, mas disse que entre as dezenas de líderes mortos estão pessoas de idades variadas.

No campo católico, um relatório publicado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no fim de maio divulgou que 117 padres haviam sido infectados pelo novo coronavírus.

As mortes provocaram impacto nas comunidades religiosas, que adotam estratégias diferentes para a retomada de atividades presenciais. O Ministério da Saúde não definiu orientações específicas para serviços religiosos presenciais, embora eles aconteçam hoje em diversas partes do país.

Os templos são geralmente ambientes fechados, o que exige atenção maior às orientações sanitárias para minimizar os riscos de transmissão do novo coronavírus, que pode ser transportado pelo ar em partículas muito pequenas de saliva (aerossóis) liberados quando as pessoas espirram, tossem, falam e respiram.

Segundo especialistas, cantar —uma prática comum nos encontros religiosos— também produz essas partículas.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) incluiu igrejas no rol de serviços essenciais em março, abrindo margem para a abertura dos templos —mas eles ainda precisam seguir regras de governos estaduais e prefeituras nesse quesito.

No início de junho, ao sancionar a lei do uso de máscaras em espaços públicos, Bolsonaro retirou a obrigação da proteção em igrejas.

A morte do pastor Sebastião Rodrigues de Souza aos 89 anos causou comoção entre os fiéis. Souza, que faleceu no dia 8 de junho, era presidente das Assembleias de Deus em Mato Grosso e vice-presidente da CGADB desde 1995.

O filho de Souza, Rubens Siro, também pastor em Mato Grosso, havia falecido com a doença aos 68 anos cinco dias antes. Em Cuiabá, as igrejas têm permissão para abrir desde o fim de abril.

Leia mais em Folha de S. Paulo

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