Redes terroristas em Moçambique são financiadas pelo tráfico de droga

por Fernanda Mira

Estados Unidos estão “a vigiar Moçambique em particular”, porque “é um dos principais pontos de entrada” da heroína produzida no Afeganistão. O financiamentos das redes terroristas levou Washington a reforçar o apoio a Maputo através de parceiros internacionais.

Numa conferência de imprensa telefónica hoje, Heather Merritt, adjunta do secretário de Estado para o Gabinete para os Narcóticos Internacionais, explicou que “há uma grande combinação entre os movimentos terroristas e tráfico de drogas” e “isso é o que se passa em Moçambique”.

“Estamos muito preocupados com Moçambique” e com a “recente tomada de posições no terreno de organizações criminais”, disse, numa referência aos ataques armados no norte de Moçambique, que têm sido reivindicados pelo movimento terrorista ‘jihadista’ Estado Islâmico.

“A droga financia redes criminosas em que os terroristas operam”, explicou Heather Merritt, em resposta à Lusa.

Segundo a responsável, os Estados Unidos estão “a vigiar Moçambique em particular”, porque “é um dos principais pontos de entrada” da heroína produzida no Afeganistão.

“No Leste de África estamos a trabalhar com circuitos de heroína” que usam “barcos vindos do Irão e do Paquistão”, acrescentou.

Heather Merritt reconheceu que “Moçambique tem uma linha de costa extensa” e “falta de meios para vigiar”. Isso “foi uma vantagem para agentes criminais”.

Atualmente, os Estados Unidos estão a “apoiar o Governo de Moçambique” no combate ao terrorismo, procurando “formar civis e forças de segurança”, em articulação com o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla inglesa) de modo a “quebrar as cadeias de ligação de tráfico internacional” às redes terroristas no terreno, acrescentou.

“O tráfico de drogas é um problema crescente em África”, reconheceu, salientando que o Leste do continente é permeável à descarga de estupefacientes, desde a “Tanzânia, Quénia a Moçambique”, que é o “caso mais complexo” porque “existem apoios no terreno” aos traficantes.

O Departamento de Estado norte-americano está a “investir fortemente no combate ao tráfico de droga”, numa estratégia que visa “proteger a soberania dos estados nacionais”, mas também “proteger os interesses dos Estados Unidos e dos seus nacionais”.

Para tal, a aposta é reforçar a capacitação dos meios locais, desde as polícias aos sistemas judiciais, com uma “coordenação transfronteiriça entre parceiros africanos”, explicou Heather Merritt.

“Se tens oficiais corruptos é possível contrabandear bens ilícitos pelas fronteiras”, disse a adjunta do secretário de Estado, justificando a opção de uma formação “completa e abrangente” de todos os elementos estatais que lidam com o fenómeno do crime transnacional.

No norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado, a ONU, em coordenação com o Governo moçambicano, pediu no início de junho 35 milhões de dólares (30 milhões de euros) para um Plano de Resposta Rápida a aplicar até dezembro.

A fuga da população das suas aldeias aumentou rapidamente à medida que a violência cresceu desde início do ano, refere a ONU, estimando que haja agora 250.000 pessoas que largaram tudo e procuraram refúgio seguro noutras povoações – num conflito que já matou, pelo menos, 1.000 pessoas.

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