Líder dos mercenários em Cabo Delgado traça cenário aterrador

por Gonçalo Lopes
Plataforma

Lionel Dyck é o chefe dos mercenários que o governo de Moçambique contratou para fazer face ao conflito armado em Cabo Delgado. O zimbabweano é um velho conhecido de Moçambique, pois há 35 anos liderou um grupo paraquedista que tomou o então quartel-general da Renamo, Casa Banana, na Gorongosa. Agora foi a vez do governo de Filipe Nyusi contratar a sua empresa Dyck Advisory Group (DAG) para combater os terroristas. O Duque, como é conhecido, contudo, diz-se preocupado com a situação.

“As Forças de Defesa de Moçambique não estão preparadas e têm poucos recursos e temos que avançar rapidamente. Algumas das atrocidades cometidas são diferentes de tudo que eu já vi antes e já vi muitas guerras, em muitos lugares diferentes. O massacre que se seguiu ao ataque ao Posto Policial de Quissanga envolveu a mutilação de corpos, o corte de membros e acreditamos que os agressores comeram algumas partes do corpo. Apesar dessa barbárie, esse inimigo está organizado, motivado e bem equipado. Se não chegarmos a esse ponto, ele espalhar-se-á rapidamente para o sul e será uma catástrofe para toda a região”, considerou o empresário em entrevista à Africa Unauthorized.

Lionel Dyck voltou a Moçambique há cerca de sete anos. A sua empresa foi, na altura, contratada para fazer face à caça furtiva no sul de Moçambique. A sua missão teve muito sucesso e em setembro do ano passado, com a autorização de Filipe Nyusi, foi contactado pelo chefe de polícia de Moçambique para lidar com a insurreição crescente em Cabo Delgado e nesta entrevista revelou o que encontrou.

“Descobrimos que é uma mistura desagradável de redes criminosas antigas e bem organizadas envolvidas em marfim, rubis e esmeraldas. Contudo, o grande negócio de bilhões de dólares é a heroína sendo transportada pela área e distribuída a norte e sul. Isso agora assumiu uma face islâmica e é uma combinação altamente eficaz com forte apoio externo”, considerou o mercenário.

Ataques aéreos

A estratégia, neste momento, da sua empresa passa por missões aéreas. No entanto, Lionel Dyck espera ter a breve trecho capacidade para avançar no terreno.

“No momento, a nossa capacidade de ataque está quase totalmente no ar. Atacamos os campos inimigos pelo ar e estamos a usar aeronaves para interditar os seus suprimentos, que são transportados por terra e no mar. Acredito que fomos bem-sucedidos em retardar o seu avanço, mas esta guerra está longe de estar vencida. Temos que iniciar um programa de seleção e treinos imediatamente, para que possamos levar homens bons para o campo e levar a luta de volta ao inimigo tanto pelo ar como no solo. Também pretendemos aproximar a nossa base de operações de Mocimboa da Praia, que foi atacada recentemente pelos rebeldes”, afirmou, negando qualquer tipo de ajuda por parte de governos estrangeiros, como foi o caso do britânico.

“Simplesmente não confio neles; eles nunca contam a história toda e sempre há outra agenda em jogo com eles. Sinto que devemos seguir sozinhos nesta fase com o pouco que temos e mudar isso. Vai ser difícil, mas temos que vencer isso.”.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!