Do Vale da Morte a Omã, as temperaturas que deixaram o mundo a escaldar

por Rute Coelho
Jorge Andrade

Por 90 anos a Líbia manteve um recorde só batido em 2012 pelos Estados Unidos, o da temperatura do ar mais alta já registada. Um novo recorde singular. Não só a temperatura extrema desceu perto de 1 ºC face ao valor anterior, como foi registada nove anos antes, em 1913. Um campeonato mundial escaldante onde Portugal também não deixa créditos em mãos alheias

Não fossem as mulas que na transição do século XIX para o XX faziam o transporte de minério no inóspito território do Vale da Morte, nos Estados Unidos da América, e dificilmente associaríamos um dos lugares mais inóspitos da Terra a uma fantasia verdejante com o nome de Greenland Ranch.

Na década de 1880, a exploração de borato de sódio prosperava naquele território desértico do Sueste da Califórnia. O transporte do mineral em carroças contava com a força equídea. Uma multidão de mulas exigia correspondente porção de pasto. Em Greenland Ranch nascia um oásis de alfafa. Isto, numa região onde a média de precipitação anual não supera os 50 mililitros por metro quadrado – enche uma chávena de café.

Na época, o lugar não verdejava apenas com os seus campos de alfafa. Recebia também uma estação meteorológica associada ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Corria 1911 e os registos diários traduziam em números o que era uma evidência: Greenland Ranch que, mais tarde, na década de 1930, viria a denominar-se Furnace Creek Ranch, é quente. Muito quente, com as médias das máximas das temperaturas no mês de julho nos 46 ºC e as mínimas a rodarem os 31 ºC.

Seria, precisamente, um mês de julho, mais precisamente o dia 10, do ano de 1913, que forjaria para Furnace Creek um lugar na história meteorológica mundial. O momento não só entregou à região o título de lugar da Terra com a temperatura mais alta até hoje registada, uns tórridos 56,7 ºC, como arrancou das mãos de uma outra região africana um título que segurava há 90 anos.

A comunidade meteorológica mundial acordou – não com consenso – com o assentimento da Organização Meteorológica Mundial que El Azizia, na Líbia, seria desclassificada por falta de fidedignidade nos registos. A localidade perdia o recorde de temperatura mais alta do ar registada no planeta, 58 ºC. Em 2012, pôs-se termo a uma história meteorológica nascida a 13 de setembro de 1922 e que, por nove décadas, figurou nos feitos da natureza inscritos no World Guiness of Records.

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