O Estado Islâmico avisou a África do Sul para não se imiscuir no conflito que ao longo dos últimos meses colocou a ferro e fogo o norte de Moçambique, mas uma analista sul-africano diz que as autoridades de Pretória já estão a prestar apoio logístico a Maputo.
O violento conflito armado na região de Cabo Delgado tem vindo a intensificar-se ao longo dos últimos meses e os avanços dos grupos insurgentes que actuam na região terão levado as autoridades sul-africanas a ponderar o envio de um contingente militar para o norte de Moçambique.
A eventual intervenção não faria mais do que oficializar movimentações que já existem, defendeu a especialista sul-africana Jasmine Oppermann, em declarações ao portal noticioso Eyewitness News. A analista do Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos lembrou que o Estados Islâmico está presente no norte de Moçambique desde 2017 e que a África do Sul tem vindo deste então a prestar apoio logístico às autoridades de Maputo: “Temos fornecido bombas a Moçambique, por isso estamos mais do que envolvidos”, assume
Oppermann considera, no entanto, que Pretória poderá não ter os recursos financeiros suficientes para se envolver de forma aberta no conflito, numa altura em que a economia sul-africana está sob grande pressão devido à pandemia do novo coronavírus: “Não temos recursos financeiros. É necessária uma operação sustentada, é necessária uma operação responsável, e como tal, é necessário um esforço coordenado no qual o apoio financeiro é essencial. A operação deve ser conduzida de forma inteligente, tendo por base informações seguras”, completa a responsável.
A Aliança Democrática , o maior partido da oposição sul-africano, defendeu que a África do Sul não se pode dar ao luxo de ignorar a ameaça do Estado Islâmico.
O partido pediu à Ministra da Defesa e Veteranos Militares, Nosiviwe Mapisa-Nqakula que abra uma linha de diálogo com a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral para que a ameaça terrorista em Cabo Delgado possa ser discutida.
