Moçambique, cooperar é preciso

por Pedro Tadeu
Paulo Porto FernandesPaulo Porto Fernandes*

Conforme amplamente noticiado na última semana, o governo de Portugal, para além da cooperação em matéria de defesa já existente com o governo de Moçambique, manifestou-se disponível para colaborar na busca de uma solução para conter a onda de atentados ao norte, na Província de Cabo Delgado.

Segundo consta, estes atentados são praticados por grupos ligados ao autoproclamado Estado Islâmico, com grande probabilidade de serem treinados no Congo e na Somália, os quais procuram controlar esta região rica em recursos naturais. Essas ações vitimaram milhares de cidadãos, iniciaram-se há cerca de três anos e haverá já cerca de 200.000 deslocados. A região de Cabo Delgado é conhecida por conter grandes reservas de gás natural, pedras preciosas e madeiras exóticas, mas também conhecida pelas suas precariedades com elevados níveis de pobreza.

A situação é muito preocupante, não só em relação à grave crise humanitária, mas também em relação ao futuro da região e do país como um todo

Há algumas semanas, a polícia de Moçambique conseguiu desmantelar uma base que prestava apoio logístico a estes grupos terroristas, sendo encontradas várias armas, munições e veículos com matrículas da vizinha Tanzânia, país de onde vêm alguns insurgentes. Na operação ocorreram várias baixas e foram efetuadas várias prisões, mas os ataques continuam e a crise humanitária se agrava e é extremamente preocupante.

A ONU está presente na Região tentando responder às questões emergenciais da população local, entretanto a situação é muito preocupante, não só em relação à grave crise humanitária, mas também em relação ao futuro da região e do país como um todo, merecendo a melhor atenção de toda a comunidade internacional.

Outra questão que preocupa é a situação da comunidade portuguesa radicada no país e as dificuldades que estes cidadãos encontram devido à crise causada pela pandemia, chamando à atenção a quantidade de pedidos de repatriamento de cidadãos nos últimos dias, onde cerca de 220 portugueses procuraram o Consulado de Portugal em Maputo, os quais alegam não conseguir manter-se em Moçambique por falta de meios de subsistência. Não obstante as fonteiras aéreas do país terem sido encerradas para voos comerciais por conta da COVID-19, há que se sublinhar o facto de recentemente o Governo português ter organizado um voo de repatriamento para atender estes cidadãos, o qual foi realizado dia 27 de junho, entretanto, não obstante os esforços, alguns cidadãos ainda não conseguiram ser repatriados e devem ser acompanhados pelo Consulado de Portugal local.

Por fim, cabe ressaltar que Portugal está sensível e atento a esta grave situação e tem efetuado vários projetos de cooperação com o governo de Moçambique, alguns dos quais decorrentes da adaptação às necessidades sanitárias, económicas e sociais decorrentes do combate à pandemia da COVID-19.

*Deputado do Partido Socialista (PS) – Portugal

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