Mais de 100 bispos em todo o mundo assinam manifesto contra os abusos das empresas na era Covid

por Rute Coelho

No documento, os líderes católicos mundiais dizem que as empresas “irresponsáveis são cúmplices de atos de violência e sofrimento” e apelam a que os Estados “ponham termo a esta situação”

O manifesto assinado por mais de 100 bispos católicos em todo o mundo vai ao “osso” da questão, os alegados abusos das empresas nos seus atos de gestão, com exemplos concretos . “Algumas das grandes marcas de lojas de vestuário cancelaram encomendas e recusaram-se até a pagar os têxteis já produzidos. Milhões de trabalhadores foram mandado spara casa sem salário, segurança social ou indemnização. Esta pandemia expôs a nossa interdependência e semeou o caos nas cadeias de abastecimento globais que ligam fábricas cruzando fronteiras, expondo a nossa dependência de mão-de-obra vulnerável que realiza um trabalho essencial em todo o mundo”, pode ler-se no documento .

A declaração, publicada hoje, exige aos Estados que ponham fim, de forma urgente, aos abusos das empresas, através da introdução de legislação vinculativa que regule as suas atividades e os responsabilize juridicamente.

De acordo com os bispos, as nossas economias devem seguir os valores da dignidade e da justiça e respeitar os direitos das pessoas e do meio ambiente. Os abusos cometidos pelas empresas são recorrentes e a crise da Covid-19 agravou a situação, especialmente nas comunidades mais vulneráveis, que não beneficiam de nenhuma proteção social.

Os bispos pedem solidariedade entre todos os membros da família humana e afirmam que, sem uma legislação adequada, as empresas transnacionais não serão impedidas de praticar evasão fiscal, violar direitos humanos, infringir as leis laborais e destruir ecossistemas inteiros. Argumentam aainda que, perante o fracassado voluntarismo, a única opção legislativa são os instrumentos vinculativos, com o propósito de proteger as comunidades e celebrar a interligação que forma parte da nossa natureza humana.

Embora alguns países europeus já tenham legislação sobre due diligence ou estejam em processo de aprovação legislativa nesta matéria, a União Europeia apenas recentemente se comprometeu a harmonizar o atual mosaico, com o objetivo de consolidar as importantes evoluções setoriais que a compõem a nível regional.

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