José Capassura, advogado de Sandura Ambrósio, disse hoje à Lusa que o Ministério Público moçambicano acusa o antigo deputado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) do crime de conspiração.
O crime é punido com pena de prisão entre oito e dez anos, acrescentou Capassura.
“O início do julgamento será uma oportunidade para provarmos que Sandura Ambrósio não tem rigorosamente nada a ver com o crime que lhe é imputado”, afirmou o advogado.
José Capassura criticou o facto de a justiça ter recusado todos os requerimentos para que o antigo deputado aguardasse o julgamento em liberdade.
“Os argumentos usados para o indeferimento dos pedidos de liberdade provisória nunca foram convincentes”, referiu Capassura.
Sandura Ambrósio está detido desde 14 de janeiro acusado de apoiar financeiramente a Junta Militar da Renamo, um grupo dissidente da guerrilha do principal partido da oposição.
No âmbito do processo que levou à detenção de Sandura Ambrósio, o Ministério Público moçambicano ouviu vários quadros da Renamo, incluindo a antiga chefe da bancada parlamentar do partido, Ivone Soares, o ex-secretário geral da organização, Manuel Bissopo, e o atual porta-voz do partido, José Manteigas, por suspeitas de envolvimento no apoio à Junta Militar da Renamo.
Também foram ouvidos Elias Dhlakama, irmão do falecido presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, e o ex-porta-voz do partido e atual deputado, António Muchanga.
Não são conhecidos desenvolvimentos no âmbito das referidas audições.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo é liderada por Mariano Nhongo, ex-dirigente da guerrilha, e é acusada de protagonizar ataques visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região centro, tendo causado, pelo menos, 24 mortos.
Entre várias revindicações, Nhongo exige a demissão do atual presidente da Renamo, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado as negociações de paz dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico do partido que morreu em maio de 2018.