ONU prevê encerramento de 2,7 milhões de empresas na América Latina

por Filipe Sousa

A pandemia vai provocar o encerramento de 2,7 milhões de empresas na América Latina, microempresas sobretudo, e a destruição de 8,5 milhões de postos de trabalho, revelou a Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL).

Segundo aquela agência da ONU, que apresentou a estimativa numa conferência de imprensa virtual, “o impacto da crise será muito diferente consoante o setor e o tipo de empresa”.

Os resultados foram apresentados pela secretária executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.

Os mais afetados serão as micro e pequenas empresas, das quais dependem os setores mais atingidos pelas medidas sanitárias para impedir a propagação da covid-19, tais como o comércio, hotéis e restaurantes, de acordo com o novo estudo da agência da ONU.

O comércio, por exemplo, perderá 1,4 milhões de empresas e 4 milhões de empregos, enquanto que o turismo verá pelo menos 290.000 empresas e um milhão de empregos destruídos.

“A crise está a atingir mais duramente os setores industriais potencialmente mais dinâmicos tecnologicamente, e por isso irá aprofundar os problemas estruturais das economias da região”, disse Bárcena.

Se não forem implementadas políticas adequadas para fortalecer estes ramos de produção, acrescentou, “há uma grande probabilidade de se gerar uma mudança estrutural regressiva” que conduziria à recessão económica da região.

O continente americano é atualmente um dos maiores focos de pandemia do mundo. Os Estados Unidos, Brasil e Rússia representam mais de 40% dos casos globais e a classificação dos países mais afetados inclui também outros países da América Latina, como o México, Peru e Chile, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

A maioria das economias latino-americanas permanece semiparalisada, embora vários países estejam a planear a reabertura de setores não essenciais nas próximas semanas.

De acordo com o relatório, a grande maioria das empresas da região tem registado quedas significativas nos rendimentos e está a ter dificuldades em manter as suas atividades, uma vez que têm “problemas graves” no acesso ao financiamento e no cumprimento das suas obrigações salariais e financeiras.

A agência da ONU recomendou que os governos adotem uma série de medidas de apoio às empresas, nomeadamente a dilatação dos prazos e alcance dos eixos de intervenção no que toca à liquidez e financiamento, tal como o cofinanciamento dos salários durante seis meses.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos de existência: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

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