Três pessoas detidas em Macau em vigília por Tiananmen

por Fernanda Mira

A PSP de Macau deteve três pessoas durante uma vigília que se realizou, ao final da tarde, na sede da União para o Desenvolvimento Democrático. A notícia foi avançada pela TDM, que adianta que não foi possível apurar as razões para a detenção, que aconteceu perto da Igreja de São Domingos, no dia em que se assinalam 31 anos desde o massacre de Tiananmen. A vigília habitual no Senado foi proibida este ano.

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Cerca de 10 pessoas em Macau assinalaram o 31.º aniversário de Tiananmen dentro de uma casa, com transmissão online, após as autoridades terem proibido a vigília, numa decisão sem precedentes, com a justificação da prevenção à covid-19.

“Espero que este tenha sido o único ano que tivemos de fazer isto e que para o ano possamos fazer a vigília na rua”, disse Luis Leong, um dos cerca de 10 participantes do evento organizado numa casa do deputado pró-democracia Ng Kuok Cheong, que serve de sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, associação que organiza as vigílias em Macau, que se costumam realizar no Largo do Senado.

O território já não regista casos novos da covid-19 há cerca de dois meses e já não tem nenhum caso ativo.

Minutos antes, por volta das 20h00 (13h00 em Lisboa) e a poucos metros de distância, no Largo do Senado, não se verificava qualquer movimento fora do comum, constatou a Lusa no local, um dia depois de a Polícia ter avisado que não iria tolerar atividades que violem a proibição de reuniões públicas instaurada para combater a pandemia, recordando as sanções aplicáveis.

Ao contrário, a poucos quilómetros de distância, na vizinha Hong Kong, que juntamente com Macau são os únicos sítios na China onde Tiananmen pode ser lembrado, milhares de pessoas romperam as ordens policiais para assinalar o evento.

A ‘harmonia’ de Macau contrastou com a de Hong Kong, onde se verificaram, uma vez mais, confrontos com a polícia, que tentou impedir as reuniões públicas, também não autorizadas no território pela mesma razão: a covid-19.

“Não foi por causa da covid-19, isto foi uma decisão política”, afirmou aos jornalistas o deputado pró-democracia Sulu Sou, na sede da Associação Novo Macau. “Estamos muito desiludidos (…) o TUI é suposto ser a última esperança para proteger os direitos fundamentais dos cidadãos”, considerou.

Macau e Hong Kong são os únicos sítios na China que podem assinalar a data, recordou o mais jovem deputado de Macau, mas este ano, lamentou: “Não tivemos hipóteses”.

“Estamos muito preocupados que no próximo ano também não vamos poder fazer a vigília em Macau”, afiançou.

A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre a antiga colónia britânica de Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio “Um País, Dois Sistemas”, que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o seu modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.

As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.

com Lusa – Macau

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