O cinema é como este site: uma janela para o mundo

por Fernanda Mira
Rute Coelho

Para quem não se rendeu ao comodismo do consumo doméstico de filmes, ir ao cinema é um ato quase tão natural quanto respirar. Uma necessidade. Entrar na sala escura diante do grande ecrã, a antecipação com as apresentações dos filmes, o genérico…tudo parte de um ritual mágico que sempre temi estar perto do fim nos últimos anos.O cinema é como este novo site, o Plataforma, uma janela para o mundo.  Em todas as latitudes onde o Plataforma está, o cinema já esteve: Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau, Portugal. E ainda, fora destas latitudes que são o foco da lusofonia e deste site, Estados Unidos, China, América Latina… Em breve voltaremos à sala escura, de máscara. Um acessório incompatível com a gargalhada para a companhia do lado ou com o beijo roubado no meio de uma cena menos interessante.

Mas quem se preocupa com esse pormenor quando pode voltar a viajar para o Irão com Abbas Kiarostami ou Jaffar Panahi? Ou quando pode regressar à Europa à beira da Primeira Guerra Mundial “pintada” por Fellini nesse fresco que é “O Navio”? Ou rir às gargalhas com os últimos salpicos de sangue e rock n’roll de Tarantino? Viaja-se no grande ecrã mas também no contacto com pessoas de todo o mundo nos ambientes únicos dos festivais de cinema que também estão, no imediato, condenados pela Covid.19. 

Por causa do Fantasporto descobri o cinema coreano há 20 anos, agora tão apreciado por causa do Óscar atribuído este ano ao filme “Parasitas” de Bong Joon Ho. Só para citar alguns dos disponíveis em Lisboa, o Indie, o Doc, os festivais do cinema francês, italiano, alemão… O DocLisboa teve este ano uma extensão a Macau por causa dos 20 anos da transição do antigo território de administração portuguesa para a China. Este festival de documentários já nos levou à Ucrânia, a Israel, ao Afeganistão, aos bairros da periferia de Lisboa… foi ao fim da rua e ao fim do mundo, como ia a rádio TSF noutros tempos. Os que ainda nos encantamos com a Sétima Arte, queremos muito que sobreviva a estes tempos covidianos, tecnologia digital e consumos caseiros de filmes. Somos os mesmos que ainda nos encantamos com o cheiro do papel e com o tactear de um livro ou o folhear de um jornal enquanto se toma um café numa esplanada. Estamos em vias de extinção? Talvez… mas o mundo como o conhecemos também está. 

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