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A 25 de maio, em Minnesota, George Floyd, um afro-americano de 46 anos, é morto por um agente de autoridade – Derek Chauvin –, ao ser-lhe pressionado o pescoço contra o chão, com um joelho. No vídeo, vê-se a vítima a implorar para que o largue porque não consegue respirar.
Durante 8 minutos e 46 segundos, o polícia manteve George imobilizado e só o soltou quando a ambulância chegou, tendo estado inconsciente por 3 minutos. A morte é confirmada uma hora depois.
Seguem-se uma série de protestos e tumultos em cerca de 140 cidades norte-americanas, onde a violência policial contra negros é a chama que guia a multidão. Em Berlim, Londres e outros locais do mundo, centenas de manifestantes saem às ruas com cartazes de apoio.
Resultado? Mais de 4.000 pessoas foram detidas, até agora cinco mortes e centenas de feridos. Edifícios consumidos pelas chamas e negócios destruídos em todos os estados norte-americanos. O próprio presidente Donald Trump abrigou-se no bunker da Casa Branca.
Racismo é um tema muito difícil e sensível. Sou branco. É a realidade à qual não posso fugir. Não consigo estar na pele da contraparte. A opressão às minorias é real e presente há séculos. Mas, na minha opinião, quando a violência é a resposta, torna-se parte do problema.
Num editorial da CNN, Chris Ccuomo (branco), dissecou a divisão americana: Ora, por um lado temos uma minoria oprimida, que se sente sem esperança de que algo mude sem recorrer a métodos drásticos. Por outro, temos uma maioria que diz: Protestos sim, violência não. Isso é vandalismo.
“Sim, estas ações são contra a lei, mas não se pode comparar prédios em fogo com um padrão eterno de opressão e de mortes na comunidade negra pelas mãos de quem os devia proteger”, afirma Chris.
O contexto pandémico que vivemos é um bom exemplo para factualizar o sofrimento das minorias. As estatísticas fornecidas pelo Centro de Controlo de Doenças dos EUA, revelam um estudo sobre o impacto da Covid-19 nas diferentes etnias em Nova Iorque.
Os dados mostram que a taxa de mortalidade entre afro-americanos é de 92.3 por cada 100 mil pessoas. Substancialmente maior que a de um branco (45.2). Porquê? Menos acesso a dietas saudáveis, levando a doenças como diabetes ou hipertensão, ambas incluídas nos grupos de risco de Covid-19. E, menos acesso ao sistema de saúde, ridiculamente restrito.
O PPP – Paycheck Protection Program – um programa de empréstimos destinado a pequenos negócios, viu grande parte dos seus fundos serem redirecionados para empresas com valores de mercado astronómicos, que se aproveitaram das lacunas do sistema, como a DMC Global (405M) ou a Wave Life Sciences (286M), segundo dados da Stanley Morgan.
“Para os que dizem que a minoria é violenta, preguiçosa, que não reconhecem autoridade na polícia, estão a julgar os sintomas e não estão a ver a doença”, refere Ccuomo.
Nelson Mandela disse um dia: “Quando é negado ao homem o direito de viver a vida em que acredita, não tem escolha senão virar um fora da lei”. É a verdade! Quanto maior a pobreza, maior a taxa de criminalidade.
O racismo não é um problema norte-americano, é mundial. Ser “não racista” provou ser ineficaz na resolução da questão de fundo.
Quem tem poder, tem de ajudar quem não tem. Até lá, as minorias não vão conseguir respirar.