Aumentam escolas portuguesas que inflacionam notas dos alunos

por Guilherme Rego

Vinte escolas inflacionaram as notas dos alunos do secundário, segundo uma análise da Lusa a dados do Ministério da Educação que avaliam as notas dos últimos anos e mostram que esta prática é mais habitual entre colégios

Desde o ano letivo de 2014/2015 que 20 escolas secundárias dão sempre notas mais altas do que deveriam, revelam dados do Ministério da Educação (ME) numa análise que compara as notas dos alunos pelo trabalho desenvolvido ao longo do ano em sala de aula e os resultados obtidos nos exames nacionais.

Para identificar as escolas que estão a dar notas acima do espetável, o Ministério compara as classificações internas atribuídas pela escola com as notas atribuídas por todas as outras escolas do país a alunos que tiveram resultados semelhantes nos exames nacionais.

Uma vez que este procedimento pode permitir a um aluno passar à frente no acesso ao ensino superior, desde 2019, os inspetores da Inspeção-Geral da Educação e Ciência GEC instauraram duas dezenas de inquéritos por terem sido detetadas escolas com uma concentração “de um conjunto de classificações anormalmente elevadas”, revelou o ME.

Este trabalho originou 57 processos disciplinares, dos quais cerca de duas dezenas estão em fase de conclusão, estando os restantes a correr os seus termos, segundo informações avançadas à Lusa pelo ME, que acrescentou que esse mês a IGEC iniciou um conjunto de inspeções a cem escolas secundárias.

Os dados do ME hoje divulgados mostram que em relação ao ano anterior houve um aumento de dois estabelecimentos de ensino a inflacionar as notas, passando de 18 para 20.

A lista elaborada pela Lusa mostra que inflacionar as notas continua a ser uma prática mais habitual entre os privados, já que dos 20 estabelecimentos de ensino, 15 são particulares.

Habitualmente, os alunos têm piores desempenhos quando chegam às provas. No ano passado, segundo uma análise da Lusa, registou-se uma diferença média de cerca de três valores numa escala de zero a 20.

Maioria não consegue fazer 3.º ciclo ou secundário sem reprovações

A maioria dos alunos do 3.º ciclo e do secundário “chumbou”, pelo menos, um ano letivo ou num dos exames nacionais, segundo dados do Ministério da Educação que indicam que o insucesso atingiu mais de 250 mil jovens.

A maioria dos alunos que deveria ter terminado o 3.º ciclo ou o ensino secundário no ano passado não o conseguiu fazer sem reprovar um ano ou ter negativa em, pelo menos, um dos exames nacionais: num universo de 456.368 estudantes, apenas 201.937 (44%) tiveram um percurso direto de sucesso.

A situação é mais problemática entre os mais velhos, já que apenas 41,22% conseguiram fazer o secundário sem reprovar. Ou seja, dos 180.317 mil estudantes que entraram para o 10.º ano em 2016/2017, menos de 75 mil (74.337) conseguiram terminar o secundário sem reprovar. Há, no entanto, uma melhoria em relação ao ano anterior, já que a percentagem dos percursos de sucesso subiu de 39% para 41,22%.

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