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Que nunca te falte a luz!

António Bilrero*

Declaração de interesses: Nasci num farol. Há pouco mais de 61 anos. Cabo da Roca. O ponto mais ocidental do continente europeu. Ali, onde nasci, também casei. Gosto mesmo de faróis. Muito.

Já entenderam. Isto vem a propósito de toda a polémica à volta do farol da Guia, em Macau (em Cascais, Portugal, há um com o mesmo nome plantado à beira de uma falésia). Mas não é a controvérsia sobre a ação (ou inação) dos poderes à volta da integridade visual do farol da Guia que aqui me traz. Assim como as críticas, justas, às construções que vão escondendo a estrutura de alvenaria que se ergue na colina com o mesmo nome.

A Guia, de silhueta bonita e elegante, é um farol estranho. Um farol talvez demasiado urbano para a imagem que guardo de todos os faróis que já vi e daqueles que espero ainda ver. É um farol a que lhe falta mar. O mar que seguramente noutros tempos lhe fez companhia de bem mais perto.

A Guia, de silhueta bonita e elegante, é um farol estranho

Mas se a falta de mar importa, o que realmente me entristece é a perda da luz. Esse elemento que é a essência dos faróis. Iluminar. Guiar. Essa claridade ponteada na escuridão e que alerta para os perigos que a noite esconde.

Tapar a Guia, mais do que o edifício, é sobretudo esconder a luz. Dos navegantes. Daqueles que chegam, dos que partem e dos que estão. A luz (as luzes) tem-nos ajudado a sair das trevas. Escondê-la é também um regresso, por pequeno que seja, ao passado. Não escondam a luz. Da Guia e a que nos guia!

*Editor executivo do Plataforma

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