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Os Açores têm de assumir a geopolítica como um eixo estratégico ativo na sua política e Portugal deve melhorar a sua negociação e afirmação mundial por via da posição geoestratégica do Arquipélago.
Todos sabemos que os Açores configuram um relevante e insubstituível epicentro na geopolítica internacional, pelo que temos de avançar para além das evidências de circunstância e de “oportunidades de hora”. Isto significa, que importa sermos capazes de agir na construção de um Conceito Regional Estratégico que proporcione uma linha de orientação e atuação.
A geocentralidade atlântica da região materializada nos benefícios da geografia, do tempo e do espaço, fundamenta uma maior atenção da política regional e uma crescente reivindicação nacional de conhecimento.
Para o efeito, as prorrogativas da Autonomia podem criar um posicionamento político próprio de futuro, que evite o isolamento e permita estabelecer as vantagens geopolíticas e geoestratégicas.
O Primeiro-Ministro da República Popular da China visitou, e num espaço de quatro anos, a Ilha Terceira e o Presidente da República Popular da China, esteve na Ilha Terceira em 2015
Os Açores participaram na primeira globalização, foram a capital administrativa dos oceanos, centro de abastecimento do Atlântico e proteção militar das rotas marítimas. Seguiram-se e seguem-se outras globalizações, e para não perdermos a “chamada global” necessitamos de previsibilidade e diplomacia ativa, até porque os interesses mundiais mantêm-se.
Como exemplo deste interesse, basta verificar que o Primeiro-Ministro da República Popular da China visitou, e num espaço de quatro anos, a Ilha Terceira e o Presidente da República Popular da China, esteve na Ilha Terceira em 2015.
Neste sentido, e para sermos bons negociadores precisamos de um pensamento crítico, um relacionamento externo politicamente vivo, uma inevitável partilha de sabedoria e um retomar da vocação atlântica.
A geocentralidade dos Açores cria oportunidades no domínio de várias temáticas e que em muito podem contribuir para o desenvolvimento da Região e de Portugal pela criação de riqueza e emprego.
Na verdade, existem novas dimensões onde os Açores facultam um amplo campo de possibilidades para além do militar como no domínio científico e tecnológico, nas alterações climáticas, no ambiente, nas energias renováveis, nos fluxos migratórios, no agroalimentar, na astrofísica, no aeroespacial, na oceanografia, na vulcanologia e na sismologia.
Nestas e outras temáticas os Açores podem ser um laboratório privilegiado para a investigação e a experimentação e, até, já existem exemplos da presença mundial científica e tecnológica na Região.
A posição geoestratégica dos Açores contribui para a criação de riqueza e emprego local, mas também no desejado e imprescindível processo de internacionalização da economia regional e nacional.
De grande importância são os acordos que a União Europeia (UE) está a negociar, esperando-se, desde logo, que a UE faça a “identificação prática” e não apenas formal dos Açores como fronteira da Europa.
Convém relembrar que a Ilha Terceira é o centro de uma Zona Económica Exclusiva (ZEE), onde circula, atualmente, cerca de 53% do comércio externo da União Europeia
A este propósito, convém relembrar que a Ilha Terceira é o centro de uma Zona Económica Exclusiva (ZEE), onde circula, atualmente, cerca de 53% do comércio externo da UE.
São acordos à escala global que se fazem acompanhar de um crescimento ao nível dos transportes com a criação de novas empresas e empregos, designadamente nos Portos e Aeroportos.
Identicamente surgem oportunidades que podem resultar de novas inquietudes e carências a uma escala global adotando dimensões como a humanitária, as de segurança e vigilância do atlântico.
O próprio acordo, da Base das Lajes, acima de tudo, materializa as vantagens do papel estratégico que os Açores desempenham no quadro transatlântico.
Por isto tudo os Açores, o Estado Português e a União Europeia devem ter presentes as vantagens da posição geográfica dos Açores.
Num mundo cada vez mais globalizado a geoestratégica dos Açores torna-se numa mais-valia e num trunfo geopolítico para a União Europeia.
Tudo isto é verdade, porém é vital avançar para se saber de forma institucional, política e jurídica as vantagens e os desafios da posição geoestratégica e geopolítica dos Açores.
Um conhecimento essencial para colocar os Açores e Portugal no âmbito do investimento Europeu e mundial em muitas temáticas.
Interessa, pois que o Estado conheça e promova as vantagens associadas à geostratégia e à geopolítica relacionada com a posição geográfica dos Açores, mas de forma constante, porque as variáveis são muitas e o Governo Regional tem de ser um elemento com iniciativa própria na procura deste conhecimento.
Se toda esta reflexão era necessária antes da COVID-19, agora torna-se urgente.
*Deputado do Partido Social-Democrata, PSD (Portugal)