Quanto mais depressa, mais devagar

por Filipa Rodrigues
Meimei Wong

Falta menos de um mês para o lançamento do programa turístico organizado pelo Governo de Macau e pela indústria local do setor. O programa visa revitalizar a economia da cidade e ajudar o turismo local a reassumir a posição de relevância económica. Porém, a participação dos residentes locais depende da respetiva vontade, e numa situação de pandemia, com muitos ainda em casa em licença sem vencimento, será que têm vontade de sair para passear? A classe trabalhadora tem no máximo dois dias livres ao fim-de-semana, por isso mantém-se a questão sobre o impulso económico que um programa de três meses terá na cidade e na indústria turística local. Se no final de contas não houver público, será inútil. 

O mais importante para conseguir fazer com que os residentes locais participem num programa turístico é o percurso e o preço. O Governo, ao financiar passeios locais aos residentes, procura criar uma situação mutuamente benéfica em que mantém a indústria do turismo “a trabalhar” e oferece aos cidadãos uma opção turística mais económica. No entanto, avaliando o itinerário, grande parte dos percursos incluem cadeias de hotéis, passeios pelo rio e pela ilha de Coloane, tudo atividades que os cidadãos podem fazer sem ser em grupo. Não incluindo mais nada além de paragens para tirar fotografias, estes programas não só irão reduzir o interesse de residentes locais em participar em itinerários de grupo e em transformar-se em turistas, como irão falhar nos objetivos de criar profissionais de qualidade na área de turismo e de impulsar a economia local. 

A indústria não compreende a essência do turismo local, nem as exigências da população local para com o setor.

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