Reportagem: Viagem a Angola, um país de futuros

por Ricardo Oliveira Duarte
Rafael Estefania

Nunca, como hoje, se falou e escreveu tanto sobre Angola e sobre os angolanos. E ainda assim poucos viram ou têm noção real das grandes transformações por que passa este gigante africano de expressão portuguesa. Uma década de paz permitiu a Angola entrar num ciclo de prosperidade que começa agora a estender-se também ao turismo. Em 2013 a Volta ao Mundo elaborou um roteiro inédito em Luanda e por terras do Lubango. Aqui fica uma primeira parte.

São cinco e meia da tarde. Acompanhado pelos últimos raios de sol, o avião inicia a descida para o aeroporto de Luanda. O horizonte esconde-se rapidamente entre a névoa e a noite que avança, enquanto em terra se adivinham milhares de casinhas iluminadas por luzes solitárias e dispersas brilhando como se fossem isqueiros acesos no ar durante um concerto. E, apesar de ser uma urbe com cinco milhões de habitantes, Luanda não emite a contaminação de luz de outras cidades desta magnitude. Misteriosa e discreta, vai aumentando a sua intensidade até que aparece no horizonte a visão dos grandes edifícios do centro, com o avião prestes a tocar o solo no pequeno aeroporto Quatro de Fevereiro.

Ao contrário de outros aeroportos africanos, respira-se aqui um ar de calma; na saída não há centenas de cartazes com nomes de viajantes escritos nem bagageiros a arrebatarem-nos as malas, nem taxistas a abrirem-nos as portas de veículos atamancados para nos transportarem. Uma sensação de ordem e tranquilidade motivada, sem dúvida, pelo limitado número de turistas que viajam para Angola. Neste próspero país de imensos recursos naturais, o turismo (ainda) não é uma prioridade e, no entanto, todo o seu território – em especial a capital – embarcou num processo frenético de modernização que procura reparar as feridas do passado e situar Angola no lugar que o seu presente, e mais ainda o seu futuro, reclama. Não é um lavar de cara para servir de publicidade aos de fora; antes uma renovação integral para os próprios angolanos, nação orgulhosa do seu território como nenhuma outra em África. Luanda é a bandeira deste desenvolvimento, com projetos urbanísticos e de renovação que incluem um novo porto e um novo aeroporto, a recuperação do centro histórico, uma rede ferroviária, a construção de milhares de habitações dignas que substituam as favelas, a modernização das infraestruturas de gás, água e eletricidade, a construção de resplandecentes espaços públicos e centros de negócios e, como não, a construção de uma estrada de circunvalação que acabe com um dos problemas, o trânsito, que estrangula o dinamismo da cidade. Atualmente, as bandeiras que ondulam na capital são as enormes gruas erguidas para o céu, que trabalham sem descanso em cada canto da cidade.

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