Populações em fuga dos ataques em Cabo Delgado vão ao encontro da Covid-19

por Rute Coelho

Crianças, mulheres e idosos que fugiram das suas aldeias estão a dormir ao relento e sem condições, expostas ao inverno rigoroso sem cobertores e muito vulneráveis a contrair o coronavírus, relatou o jornal moçambicano O País

Em três anos, os ataques terroristas na província moçambicana de Cabo Delgado fizeram mais de 200.000 deslocados. Na escalada dos ataques, cada vez mais violentos, milhares continuam em fuga do terrorismo islâmico mas de encontro à Covid-19.

Segundo conta uma reportagem do jornal moçambicano O País, existem muitos idosos nos grupos de aldeãos que fogem e também muitas mulheres e crianças. Estão expostos a todas as doenças, dormem ao relento expostas ao rigoroso inverno sem cobertores. Outras passam as noites em lugares confinados, pouco arejados e que não permitem o distanciamento físico ou social mínimo recomendado pelas autoridades de saúde.

“Dormimos no chão e ao relento com as crianças porque a casa onde fomos acolhidos é pequena. Não temos esteiras nem cobertores para nos protegermos do frio”, contou aos repórteres Fifa Abdala, uma deslocada do distrito de Quissanga  e agora acolhida por familiares num dos subúrbios da baía de Pemba, a capital de Cabo Delgado.

Este  problema acontece em quase toda a província, mas é persistente no distrito de Metuge, onde foram acolhidos cerca de sete mil deslocados que vivem em tendas instaladas em  três centros de acomodação.

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“Quando chegamos [no centro de acomodação] recebemos uma tenda com cerca de cinco metros de comprimento e três de largura, para minha família composta por 10 pessoas, sendo dois adultos,  eu e o meu marido, três jovens, meus filhos, e cinco crianças, meus netos”, revelou Inês Namueque, uma das milhares de deslocadas que vive num dos  centros de acomodação há cerca de dois meses.

Além do desconforto, devido à exiguidade de espaço que chega a tirar a privacidade entre as famílias, e o risco iminente de  doenças, os deslocados estão a passar fome. Os alimentos que têm sido distribuídos no âmbito da ajuda humanitária estão longe de chegar a todos.

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“Desde que chegamos estamos a sofrer de fome, especialmente as crianças que não aguentam uma refeição disponível por dia, e acabam pedindo aos vizinhos daqui do centro de acomodação”, queixou-se Inês Namueque.
A situação é considerada crítica e insuportável para muitos deslocados que podem ajuda em alimentos, roupas e abrigos condignos, conclui a reportagem de O País.



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