“Portugueses de Cabo Delgado fogem para Pemba”

por Rute Coelho
Rute Coelho

O deputado do PSD António Maló de Abreu, vai esta tarde interpelar o ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a situação em Cabo Delgado, norte de Moçambique. É um dossiê que domina e que o preocupa. Ao Plataforma, explicou que Portugal “pode ter papel mais interventivo”

Portugal tem “dezenas de portugueses em Cabo Delgado” e duas empresas portuguesas de construção, na região, “já foram atacadas por grupos terroristas islâmicos”, explica, em declarações ao Plataforma, António Maló de Abreu, membro da comissão política nacional do PSD e deputado pelo partido, especialista na área dos Negócios Estrangeiros, que nesta tarde de terça-feira vai interpelar em sede de comissão dos Negócios Estrangeiros, no Parlamento, o ministro que tutela a área, Augusto Santos Silva, sobre o conflito no norte de Moçambique.

Apesar de ainda não haver vítimas portuguesas nesta região moçambicana rica em gás natural, há mais de mil mortos moçambicanos e mais de 200 mil deslocados num conflito que dura há longos três anos. As populações das aldeias atacadas estão a fugir em barda. “Pelo que sabemos, os portugueses saíram do sítios mais conflituosos e foram para Pemba, onde há mais segurança”.

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“É preciso uma intervenção neste conflito antes que fuja completamente ao controlo e porque isto vai extravasar Cabo Delgado”, afirmou o deputado. “Há seis meses perguntei ao ministro dos Negócios Estrangeiros no Parlamento se tinha noção da gravidade da situação e o que se passava com os portugueses que estavam na zona. O ministro não respondeu à pergunta e entendeu que o assunto era segredo de Estado. Mas tenho a certeza que Augusto Santos Silva está atento e sabe do que se passa na região”.

António Maló de Abreu realça que “Portugal pode ter um papel muito importante, junto do governo de Moçambique e da ONU para ajudar a encontrar uma solução politica e militar para a situação em Cabo Delgado”. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “também devia ter um foco muito especial neste conflito e também nesse quadro Portugal pode ajudar”. No quadro da CPLP “esta é a situação mais grave a resolver de momento, muito mais do que Cabinda em Angola”.

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Para estancar o problema de defesa das populações, Maló de Abreu defende uma intervenção militar regional “com uma força regional conjunta composta por tropas moçambicanas, sul-africanas, e do Zimbabué e Tanzânia”. Se for no quadro da ONU podem emvolver-se “várias forças, até portuguesas”.

Mas a situação “não se vai resolver só pela força”. “Esta região é a mais pobre de Moçambique apesar de Cabo Delgado ser rico em recursos como o gás natural. Por isso, o governo de Moçambique tem de ter capacidade de resolver o problema social e político”, sublinha o deputado do PSD.

Percebeu-se agora que “as causas são muito mais internas do que externas, apesar de inicialmente se ter ligado apenas o conflito ao terrorismo islâmico”.

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