“Há armamento francês nas mãos de paramilitares. UE e ONU têm de tomar medidas”

por Gonçalo Lopes
Gonçalo Lopes

A ONG Amigos da Terra denunciou esta segunda-feira interesses do estado e de empresas francesas na exploração de gás no norte de Moçambique, apontando mesmo o dedo aos gauleses pelos conflitos em Cabo Delgado. Em conversa com o PLATAFORMA a organização diz mesmo que tanto a União Europeia como a ONU deveriam tomar medidas.

“Actualmente há dezenas de empresas francesas do sector dos hidrocarbonetos e de todos os sectores que gravitam à sua volta implicadas em vários projetos ao longo da costa de Moçambique. E isto acontece porque também há muitos anos que a diplomacia francesa faz o seu jogo para defender os interesses que tem em Moçambique”, começou por revelar a ONG, pedindo depois a ajuda a entidades como a União Europeia e a ONU.

“Têm de tomar medidas urgentes, tanto a União Europeia como a ONU. Vejam-se os casos diários de violência em Cabo Delgado, isto acontece porquê? Porque neste momento o governo de Moçambique protege mais as instalações de exploração de gás do que propriamente a população, as empresas pagaram para que assim fosse. Ou seja, há militares a defenderem infra-estruturas e a desprotegerem o povo. Há armamento francês nas mãos de grupos paramilitares activos para combater a insurreição. É por isso que tanto a União Europeia como a ONU têm de fazer algo. A parte económica não pode ser mais importante do que as vidas”, salientam.

E que medidas devem então ser tomadas, seja pela UE, ONU ou o governo de Moçambique? A ONG Amigos da Terra não tem grandes dúvidas: “As empresas Francesas implicadas, os bancos privados e os industriais da energia devem cessar imediatamente as suas actividades nos projectos de exploração de gás em Moçambique”, salientaram, apontando também o dedo ao governo moçambicano.

“As grandes empresas de exploração de gás estão numa posição que lhes permite impor as suas condições e de ficar com todos os lucros. Além disso, contornam as regras e leis, e até o governo Moçambicano praticamente não se preocupa”, concluíram.

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