Em entrevista ao Plataforma, D. Luíz Fernando Lisboa descreve “quatro fases” nos ataques em Cabo Delgado, província moçambicana há dois anos e meio a viver em pânico. “Só agora falam no Estado Islâmico”, diz o Bispo de Pemba, que explica os massacres por um conjunto de motivações económicas e étnicas, para além do radicalismo religioso.
Grupos armados, de cara tapada, lançam o pânico Cabo Delgado, sempre com o mesmo padrão: “Queimam casas, matam pessoas e decepam cabeças”, descreve o Bispo de Pemba. Em Outubro de 2017, houve um primeiro ataque a um posto da polícia; meses mais tarde começaram a lançar o pânico nas aldeais, provocando a fuga das populações; numa terceira fase atacavam os autocarros nas estradas. Nesta altura, os ataques sobem de tom e são organizados em várias aldeias em simultâneo, tornando ainda mais difícil a reação da polícia e do exército moçambicano.
Académicos e historiadores lançam várias explicações para este conflito: a província é rica em recursos naturais e está uma refinaria pronta a funcionar, mas sem condições de lançar a atividade. Estão 25 mil milhões de investimento paralisados só no setor do gás natural, em Cabo Delgado. Depois há questões étnicas e, ultimamente, a narrativa dos grupos armados força a nota da extensão do Estado Islâmico na região, a partir do Congo e da Tanzânia.
O Bispo de Pemba garante que, em Cabo Delgado, “todas as religiões se dão bem” e os sacerdotes islâmicos “desde início de desmarcaram do conflito”, garantindo não ter nada a ver com eles: “Não somos nós”.
Veja a entrevista completa ao PLATAFORMA do Bispo de Pemba. Numa primeira fase, pede ajuda internacional para que se ponha fim aos massacres. Depois, diz, vai ser preciso “muita solidariedade” para reconstruir as aldeias – e a vida das pessoas. “Imagine-se o trauma destas crianças, que passam dias escondidos no mato, sem saberem para onde fugir”.
Veja toda a entrevista exclusiva do Bispo de Pemba ao Plataforma
“Todos temos medo” – SOS do Bispo de Pemba em vídeo exclusivo
Bispo de Pemba pede ajuda internacional – entrevista PLATAFORMA
