Quanto tempo mais?

por Fernanda Mira
Fernanda Mira*

Continuamos a viver por estes dias – força de expressão, esta referência aos dias que passam, porque já são semanas e meses – um tempo diferente, desde que o mundo, tal qual o conhecíamos, se confinou.

À velocidade a que corre o tempo no nosso tempo, que é rápido de mais, já passou muito tempo. Torna-se, portanto, legítimo tentar dizer alguma coisa que traga esperança para os dias que hão-de seguir-se ao Grande Confinamento.

A expressão “Grande Confinamento” ficou consagrada pelo Fundo Monetário Internacional para designar esta que é a maior crise financeira e económica de que há registo em mais de cem anos.

Quando tempo mais será necessário para que o primado da língua portuguesa se traduza nos apregoados resultados culturais, comerciais e económicos?

Sabemos que os grandes indicadores económicos têm vidas lá dentro, no que é bom e no que
é mau, e são indiferentes aos regimes políticos. Mas parecemos todos subjugados ao primado
dos indicadores que nos iludem sobre a riqueza agregada das grandes potências económicas
(Estados Unidos da América, China, Japão, Alemanha, Índia, Grã-Bretanha, França…).

Para quem acreditou que este era um tempo novo, em que novos equilíbrios sociais e
económicos trouxessem mais oportunidades e iguais para todos os povos, países e regiões, já
terá passado tempo de mais.

Quem vislumbrou nesta disrupção – que nos confinou às nossas casas e aos nossos bairros, privilégio só de alguns – uma ordem mundial que tornasse mais fácil materializar o propósito da criação da Organização das Nações Unidas, tem por diante vários egoísmos, regionalismos e nacionalismos, de que é exemplo o descrédito que se tenta lançar contra a Organização Mundial da Saúde.

Parece legítimo perguntar: se tivessem uma estratégia comum os países e territórios em cujos portos se fala português, não haveria uma vantagem comparativa para, em sobressaltos como o da covid-19, preservar a economia e a vida das pessoas que aí habitam?

Quando tempo mais será necessário para que o primado da língua portuguesa se traduza nos apregoados resultados culturais, comerciais e económicos?

*Editora de português do Plataforma

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