PSP de Macau investiga se manifestação pró-Pequim violou regras covid

por Rute Coelho

A Polícia de Macau anunciou hoje que vai investigar se uma manifestação de apoio à lei de segurança de Pequim violou a proibição de reuniões durante a pandemia, depois de acusações de arbitrariedade e dualidade de critérios.

A Televisão de Macau (TDM) noticiou que em 05 de junho um autocarro vermelho com 40 pessoas circulou e parou em vários pontos de Macau, em apoio à lei da segurança nacional que a China quer impor a Hong Kong, sem que a Polícia tenha intervindo, apesar de as reuniões públicas estarem proibidas no território, para lutar contra a pandemia de covid-19.

O incidente aconteceu um dia depois da detenção de duas mulheres no Largo do Senado, por suspeita de reunião ilegal, no dia em que se assinalou o 30.º aniversário do massacre de Tiananmen, em 04 de junho.

As duas mulheres são filhas do deputado pró-democrata Au Kam San, um dos organizadores da vigília, que este ano decorreu na casa da sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, porque as autoridades proibiram a vigília para assinalar no território o massacre de Tiananmenn alegando risco pandémico.

O responsável de comunicação do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) de Macau, Lei Tak Fai, disse hoje na conferência de imprensa de acompanhamento da situação da covid-19 que a PSP está “a investigar para ver se esta atividade [realizada no autocarro] está de acordo com a lei” que regula a liberdade de reunião e manifestação.

Apesar disso, o responsável, que foi questionado por vários jornalistas sobre a dualidade de critérios que levou à detenção de duas mulheres no Largo do Senado, durante a comemoração do 30.º aniversário de Tiananmen, defendeu que “houve uma diferença entre as duas atividades”.

“Em relação à detenção das duas mulheres no dia 04, precisamos de discutir o contexto, porque o CPSP já tinha recusado o pedido de realização dessa reunião, e esta recusa foi justificada também pelo Tribunal”, disse. “As duas raparigas participaram numa atividade de comemoração, e após a atividade elas foram para o local onde já tinha sido recusada pela CPSP a realização da reunião. Elas também se manifestaram com slogans […] e isso já é uma atividade contra a lei”, defendeu, considerando que se tratou de “uma infração óbvia”.

Já em relação ao autocarro que circulou para apoiar a lei da segurança nacional aprovada por Pequim, um dia depois, aquele responsável disse que a PSP não considerou tratar-se de uma manifestação.

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