A vida num minuto

por Guilherme Rego
Arsénio Reis*

Nesta última semana, a Folha de São Paulo, um dos parceiros do Plataforma, fazia contas e apresentava um número. Passados 100 dias, desde o primeiro caso confirmado de Covid-19, esta doença estava a matar uma pessoa por minuto no Brasil.

Estas contas podiam cruzar-se com um artigo mais de fundo do New York Times, onde se podia ler que a quatro líderes mundiais populistas correspondiam os quatro países, onde o Coronavírus se propagou mais rápida e letalmente. Adiantava o NYT, que na opinião dos cientistas políticos que tinha ouvido, este padrão não traduzia uma coincidência. São políticos liberais, que tendem a rejeitar as opiniões dos cientistas em benefício de algumas teorias da conspiração, por vezes baseadas apenas no “bom senso” dessas lideranças. Os países em causa, Brasil, Estados Unidos, Rússia e Grã-Bretanha são realmente os quatro que pagaram a fatura mais alta por uma resposta tardia – ou menos adequada – ao surgimento deste surto pandémico.

E cada minuto que passa é fatal para um brasileiro.

No Brasil – onde cada duas pessoas contaminadas passa o vírus a mais três – a doença ainda estará longe de atingir o seu pico. A Organização Pan-Americana de Saúde, diz que o número de mortes até agosto, se situará nos 100 mil – num cenário animador – admitindo que possa subir mais, muito mais, atingindo os 300 mil óbitos. Ou seja, o dobro das vítimas mortais em toda a Europa.

Em cima de uma mota de agua, ou do dorso de um cavalo, Jair Messias Bolsonaro perde muitos minutos a saudar apoiantes, no mar, ou em terra, incentivando-os a salvar a economia brasileira que se dirige a galope para um crise que já vem de trás e não para de se agravar. Faz bem em não ignorar a importância da saúde da economia, mas o presidente do Brasil não deve conhecer o velho ditado português…mais vale perder um minuto na vida, do que a vida num minuto.

E cada minuto que passa é fatal para um brasileiro.

*Diretor do Plataforma

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