Estava cansado da poluição em Pequim, sonhou com o Canadá para emigrar e hoje nem lhe passa pela cabeça deixar Portugal, onde vive com a mulher e os dois filhos há mais de cinco anos. Continua a pintar, agora de novo cheio de ideias, mas admite que os primeiros tempos de confinamento lhe prejudicaram a inspiração. Elogia os portugueses pela forma como lidaram com a pandemia.
Jinmo, de 15 anos, e Tianmo, de 11, têm tido aulas online desde março, quando a pandemia obrigou ao confinamento que só agora, passados mais de dois meses, começa a ser aligeirado. “Cada vez mais sinto que o português se está a tornar a língua-mãe deles e os estudos correm muito bem”, comenta o pai, Guohui Zhang, mais conhecido pelo nome artístico de Yanbei, um pintor chinês que desde finais de 2014 vive em Portugal e tenta manter a criatividade mesmo em tempos de covid-19. Nos dois meses em casa, só com saídas para comprar comida, sentiu-se um pouco deprimido, mas agora avança com a criação de duas obras, uma intitulada O covid-19 no ano Geng-zi, uma referência ao ciclo sexagenário chinês, e outra De onde este vírus veio? E qual é o destino dos seres humanos?.
A família instalou-se em Cascais e não foram só as crianças que adotaram o português, acrescentando-o ao mandarim. Também a mãe, Haiqing Wang, começou a estudar português, além de inglês, e já foi testada e aprovada em alguns níveis na Universidade de Lisboa. “Eu, pelo contrário, não tenho grande talento para a língua e só falo português quando me apresento ou quando vou a um restaurante”, diz o pintor, que se faz entender com a ajuda de um intérprete, tal como na primeira vez que conversámos, há dois anos, quando Yanbei teve uma exposição no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, já com algumas obras influenciadas pela vivência portuguesa, como uma pintura em que era reconhecível o Palácio da Pena, em Sintra, não muito longe, afinal, de onde vive.
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