É uma heroína para muitos hospitais na Rússia, uma rebelde para a polícia. Segundo conta o jornal espanhol El Mundo na edição de hoje, a oftalmologista russa Anastasia Vasilieva, crítica do Kremlin, acabou detida no início do mês quando viajava de Moscovo para uma vila pobre onde foi entregar máscaras e outros equipamentos médicos num hospital local. Foi também acusada do crime de desobediência por se ter recusado a cumprir a ordem da polícia para ir até à esquadra local prestar declarações.
Não foi o primeiro confronto com a polícia, tem tido alguns. E isto acontece porque já é seguida pelos agentes uma vez que sempre que um hospital do interior precisa de ajuda ela vai a correr com equipamento médico, contra as regras da quarentena forçada.
Anastasia, imparável no seu papel de “Robin Hood”, violou as regras do confinamento para ajudar colegas seus, colocados em hospitais sem meios para o combate à Covid-19. Em declarações ao El Mundo, por telefone, a dirigente da Aliança de Médicos, explicou porque se entregou a essa missão: “As unidades nos hospitais continuam a fechar durante a quarentena por falta de meios e as pessoas nas regiões do interior vão morrer em casa e não nos hospitais”.
Vários medias russos confirmaram que médicos e hospitais estão a converter-se em vetores e focos do coronavírus, agravando os números do contágio que Putin diz ter sobre controlo.
Anastasia Vasilieva acusou as autoridades russas de mentirem sobre a real dimensão da pandemia de coronavírus no país, classificando erradamente pessoas infetadas como sendo doentes de pneumonia comum. .
A 24 de abril a Rússia duplicou o número de infetados com Covid-19, com 68724 casos, face aos que tinham sido declarados apenas sete dias antes.
A Aliança dos Médicos liderada por Anastasia é um sindicato pequeno que nasceu no ano passado, apoiado pelo Fundo contra a Corrupção do opositor de Vladimir Putin, Alexei Nalvalny.