Vertigem

por user.admin

A obsessão com o “colapso iminente da China” é cíclica e surge perigosa e frequentemente de mãos dadas com a “Tese da China enquanto ameaça”. Certos “profetas” encontram grande recetividade em determinados círculos mediáticos e académicos que abraçam acriticamente, aquilo que, muitas vezes, pouco mais é que “wishful thinking”. São vários os autores, mas um dos mais procurados é o sino-americano Gordon Chang, que em 2001 publicou o livro com o título bombástico “The Coming Collapse of China”. Os ciclos dinásticos e de sistemas ao longo da História, e por todo o mundo, não são eternos, mas a realidade tem desmentido Chang, que voltou, nos últimos meses no contexto da crise provocada pela pandemia da Covid-19, a brilhar nos ecrãs de cadeias de televisão norte-americanas, muito embora tenha falhado rotundamente a sua previsão de queda do regime, que apontou para 2011.

Não se trata aqui de avaliar do ponto de vista normativo as virtudes e defeitos do modelo da República Popular da China (RPC), mas sim de sindicar a credibilidade de análises em torno da durabilidade do sistema. A verdade é que, por muitos livros possam vender esses títulos sensacionalistas, costumam ser ignorados ou desvalorizados fatores que ajudam a perceber a resiliência e capacidade de adaptação que, apesar de tudo, o sistema da RPC tem demonstrado.

Certamente que a equação é cada vez mais complexa. O crescimento económico acelerado ao longo das últimas quatro décadas não será sustentável a esse ritmo e os pontos de fricção são evidentes, num contexto de crescente rivalidade geopolítica e geoeconómica, sendo que a crise em que o mundo está mergulhado nos coloca em Terra Incognita. Além disso, não obstante os resultados significativos, de Pequim chegam sinais contraditórios que indiciam riscos, suscitando fundadas dúvidas e preocupações.

Navegamos sem bússola num estranho mundo “Covidiano” em que o ambiente de polarização acentuada, uma persistente onda sinófoba, um clima generalizado e global de medo, a “guerra de narrativas” e uma abundante desinformação (venha ela de Washington, Pequim, Moscovo ou Nova Deli) nos afastam da clarividência.

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