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Depois disto a fome

Depois disto a fome. E chegará com “proporções bíblicas”. No meio do frenesim noticioso em redor da Covid-19, chegou-nos por estes dias um alerta de David Beasley, diretor executivo do Programa Alimentar Mundial da ONU. “A pandemia está a levar-nos para caminho por catalogar. Agora, é uma tempestade perfeita. Estamos a ver a propagação da fome de proporções bíblicas”.

A comunicação social destacou, originando milhares de títulos com a formulação “proporções bíblicas” em destaque. Mas quem serão as vítimas desta tão forte proclamação? O relatório a que Beasley faz referência indica que “os países onde o risco é maior são aqueles que atravessam conflitos armados, os mais afetados pelas alterações climáticas ou os que vivem uma crise económica”. Os mesmos de sempre, portanto, percebe-se na pouca atenção, apesar da exposição mediática do tema, dedicada a este tema. Atingirá ainda mais os que já a conhecem e tratam por “tu”. Estão lá longe do olhar do nosso conforto “ocidental”.

Neste nosso conforto de testes, ventiladores, serviços nacionais de saúde, salvam-se milhares de pessoas todos os dias. Reclama-se por mais testes, mais ventiladores, mais máscaras e questiona-se a pertinência dos confinamentos. Para já não falar na canseira de estarmos fechados em casa há quase dois meses. Por lá, nesses países trava-se a luta entre escolher salvar as pessoas do coronavírus para vê-las a morrer de fome.

Depois disto a fome. Antes disto a fome. Milhões de pessoas com destino traçado.

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