O apoio dos presidentes do Niger, Mahamadou Issoufou, do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Muhammadu Buhari, ao presidente auto-proclamado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalò, está causar algumas tensões no interior da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Segundo o site LSI Africa, o presidente do Níger endereçou à organização um documento no passado dia 17 de abril na qualidade de dirigente em exercício da CEDEAO a estipular que a Conferência de Chefes de Estado deveria “reconhecer” Sissoco Embalò como “vencedor da eleição presidencial de 29 de dezembro de 2019”.
No longo documento, o presidente em exercício da CEDEAO pede que a “investidura do presidente da República” guineense “seja feita de acordo com as leis em vigor” e que tudo seja feito para “evitar a ocorrência de uma nova crise política e institucional idêntica à que paralisou o país nos últimos quatro anos”.
O objetivo deste documento seria o de fazer alinhar a organização com as posições do triunvirato Niger-Senegal-Nigéria para reforçar a posição interna e regional de Sissoco Embalò.
Segundo o site LSI Africa, existe forte tensão interna na CEDEAO, com o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, a pressionar para que o documento não seja adotado pela organização.
A presidência da CEDEAO tem multiplicado as ações no sentido de “legitimar” o governo de Embalo, tendo convidado para uma reunião dos ministro das Finanças e dos governadores dos bancos centrais, que decorreu nesta terça-feira, em videoconferência, o responsável guineense nesta área, João Alaje Mamadu Fadia, que integra o governo nomeado por Sissoco Embalò.
Por sua vez, o presidente autoproclamado da Guiné-Bissau está convidado para uma outra conferência virtual, esta de Chefes de Estado da organização, que decorre nesta quarta-feira de manhã.
Recorde-se que o Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau ainda não homologou os resultados das presidenciais de 29 de dezembro, com o candidato derrotado, Domingos Simões Pereira, do PAIGC, a acusar a candidatura de Embalo de fraude eleitoral, ao manipular os resultados daquela votação através de uma interferência informática nos computadores da Comissão Nacional de Eleições.