Brasil valoriza relações de amizade e prioriza cooperação com a China no combate à COVID-19

por Pedro Tadeu

Na tarde da terça-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, mantiveram uma conversa por telefone com foco no fortalecimento da colaboração para a luta contra a pandemia.

Mandetta explicou em entrevista à imprensa que, dada a complexidade atual do mercado internacional de insumos hospitalares, será iniciado um trabalho conjunto com a embaixada chinesa para dar mais fluidez ao processo de aquisição e à logística para a chegada de materiais adquiridos no país asiático.

“Tivemos uma conversa telefónica com o embaixador chinês e começaremos um trabalho conjunto com o vice-ministro encarregado de negócios para que em cada compra que fizermos, em cada contrato, para assegurar mais transparência, mais solidez, mais informação, possamos fazer isso com o apoio da Embaixada da China no Brasil”, ressaltou o ministro da Saúde.

“Sabemos como trabalhar juntos entre Brasil e China neste momento para que tenhamos nossos equipamentos aqui. Para algumas coisas teremos que enviar aviões para pegá-las, necessitamos velocidade no tráfego aéreo, a embaixada também deve nos ajudar para que possamos entrar, pegar esse material e voltar”, acrescentou.

Reforço da cooperação

O embaixador Yang Wanming comentou favoravelmente, em seu twitter, a conversa com Mandetta, destacando que a pandemia da Covid-19 é um desafio comum da humanidade, o que faz com que os dois lados tenham que fortalecer efetivamente a cooperação no combate ao coronavírus em prol de nossos povos.

Na conversa telefónica com o ministro Mandetta, coincidimos em reforçar a cooperação bilateral, especialmente entre os dois ministérios da Saúde, para compartilhar experiências de combate à COVID-19 em prol do enfrentamento conjunto desse desafio global, ressaltou Yang.

A cooperação bilateral e os fortes laços de amizade e comerciais entre Brasil e China superaram um episódio desagradável surgido no fim de semana passado, depois que o ministro da Educação brasileiro, Abraham Weintraub, postou nas redes sociais uma imagem desabonadora contra o povo chinês.

A embaixada chinesa respondeu afirmando que Weintraub, ignorando a posição defendida pela parte chinesa em várias gestões, fez declarações difamatórias contra a China nas redes sociais, estigmatizando a China ao associar a origem da Covid-19 com o país.

Estas declarações são completamente absurdas e desprezíveis e têm um tom fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais entre China e Brasil. A parte chinesa manifesta uma forte indignação e repúdio a este tipo de atitude, declarou a representação diplomática em um comunicado.

Contra a hostilidade

Personalidades do mundo político e diplomático do Brasil se manifestaram em defesa da amizade entre os dois povos e rechaçaram qualquer tipo de hostilidade que pudesse afetar as boas relações bilaterais.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que esse tipo de atitude criava dificuldades, recordando que a China é um ator muito importante na relação com o Brasil e com o mundo, razão pela qual não entendia uma atitude como essa que “neste momento de crise, desqualifica a China”.

Sérgio Amaral, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e atual presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, considerou que foram criados “problemas desnecessários com outros países, o que vai contra os interesses nacionais, especialmente em tempos de crise”, e qualificou as declarações como irresponsáveis e gratuitas.

“Neste caso, (Weintraub) é um membro do governo que fez uma provocação inútil e gratuita. A resposta foi a mais dura possível dentro do padrão de respostas suaves. O embaixador chinês descreveu a atitude como ‘forte indignação’. Os países asiáticos evitam a confrontação, mas agem”, ressaltou .

Ataque

Também o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), repudiou a atitude de Weintraub.

“Os comentários sobre a China publicados nos meios de comunicação social pelo ministro da Educação Abraham Weintraub são contrários aos interesses do Brasil. Representam um ataque fora de lugar a um parceiro estratégico do Brasil em um momento tão delicado do mundo atual. Espera-se uma manifestação oficial que desassocie o governo brasileiro das palavras de seu ministro da Educação”, afirmou.

Blairo Maggi, ministro da Agricultura entre 2016 e 2019, escreveu em seu twitter que “esta asneira, dita por pessoa do nosso governo, é muito prejudicial para as relações comerciais a relação e os laços de confiança que ambos os governos tentam construir”.

Maggi mencionou sua experiência durante as viagens que realizou em missão comercial ao país asiático quando esteve no comando da pasta.

“O povo chinês tem justificado orgulho de sua cultura e do potencial que seu país alcançou. Apreciam a formalidade, a amizade e o bom diálogo. Nós, brasileiros, especialmente nossas autoridades, devemos entender e respeitar isso”, enfatizou. Fim

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