Analistas dizem que crescimento da China é promissor apesar do Covid-19

por Pedro Tadeu

A China é capaz de navegar a sua economia entre as consequências do COVID-19, e as oportunidades para a maior economia em desenvolvimento do mundo são promissoras a longo prazo, apesar dos desafios provocados por vírus, pensam economistas e analistas dos mercados.

“Eu olho para as médias diárias de viagens, congestionamento de tráfego, consumo de carvão, e estão a aumentar”, o que indica que “a China tem um bom controlo sobre o lado da produção ou oferta da sua economia”, disse à Xinhua Stephen Roach, membro do Instituto Jackson de Assuntos Globais da Universidade de Yale

“A China é central na cadeia de abastecimentos global, tem um papel central no comércio global e é o principal produtor mundial”, disse Roach, acrescentando que “é encorajador ver sinais de renascimento da produção” depois de a China ter experimentado dois meses de controlo rígido sobre a sua economia no esforço de conter o surto de Covid-19.

Com o número de novas infeções a diminuir no país, a China está a retomar a atividade económica de forma ordenada.

Mais de 98% das principais empresas industriais da China retomaram a atividade, reforçando os índices de março, que voltaram à zona de expansão após os fracos resultados de fevereiro.

Religar Wuhan ao mundo

Enquanto isso, após um bloqueio de 76 dias, Wuhan, o ex-epicentro do novo surto de coronavírus na China, finalmente está ser religado ao resto do mundo. As proibições de saída foram levantadas oficialmente na cidade à meia-noite de terça-feira.

O progresso na China é um desenvolvimento positivo para a economia mundial afetada pelo vírus, sinalizando que “uma vez contido o vírus, a economia mundial voltará a crescer”, defenderam analistas da Zacks Investment Management em nota divulgada na quarta-feira.

Especialistas do UBS Global Wealth Management esperam uma queda significativa no primeiro trimestre, seguida de uma recuperação gradual a partir do segundo trimestre para a economia chinesa, citando dois fatores que reforçam o caminho da recuperação.

“Primeiro, a retoma do trabalho está em andamento. Segundo, o apoio político à economia está a atuar com cortes nas taxas de juros, cortes nos impostos e taxas, concretização de facilidades de empréstimos e subsídios”, disse Lucy Qiu, estratega de mercados emergentes da UBS Global Wealth Management.

A liderança política chinesa lançou uma série de medidas para amortecer o choque do Covid-19. Além de injetar liquidez no mercado e reduzir a taxa de juros, o banco central da China anunciou na semana passada a decisão de reduzir em 100 pontos base o rácio de reserva obrigatória para pequenos e médios bancos num esforço para fortalecer a economia real afetada pelo novo surto de coronavírus.

Desafio principal

Ainda que aplaudindo os desenvolvimentos positivos, os analistas advertem que os ventos permanecem agitados do lado da procura.

“O principal desafio no curto prazo é a procura externa, dado que a maioria das economias desenvolvidas ainda está em retração”, disse Qiu.

A fraqueza noutros pontos da economia global prejudicará o crescimento das exportações chinesas, disse Roach, acrescentando que a recorrente prudência dos consumidores chineses é outra fonte de preocupação, pois leva tempo para que o consumo retorne ao nível anterior ao surto.

O economista dos EUA disse que a China e outras grandes economias mundiais devem ponderar estratégias futuras flexíveis e “adaptadas ao novo ambiente económico e geopolítico pós-Covid”.

Apesar dos ambientes interno e externo complicados devido à pandemia, os analistas expressam confiança nas capacidades económica da China, em especial numa perspetiva de longo prazo.

“Não há dúvida de que a quarentena teve um efeito na China e a China não estará imune à desaceleração global à medida que outros países estejam a aplicar as medidas de quarentena. Mas acho que a forte resposta política da China deve ajudar o país a superar a situação”, disse nesta quarta-feira Brendan Ahern, diretor de investimentos dos consultores da Krane Funds.

“Uma das coisas que temos de ter presente é que a China deixou de ser uma economia dependente de exportação e que os novos setores da China, principalmente o consumo interno, são áreas importantes”, o que ajuda a fornecer impulso para o crescimento doméstico, segundo Ahern .

Roach, ex-presidente do Morgan Stanley Asia, acrescenta que “as oportunidades de longo prazo para a China permanecem muito promissoras”.

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