Cerca de 85% das imobiliárias estão paradas ou com atividade reduzida

por Abel Morais

Elaborado pela Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP) junto dos seus associados, o inquérito conclui que, após 56,5% das empresas de mediação terem perdido “todos os negócios contratualizados nas últimas duas a três semanas”, cerca de 33% estão atualmente “com a atividade parada”, enquanto 52% “se encontram a trabalhar apenas a meio termo, concluindo processos que vinham de trás, mas sem acesso a novos clientes e produtos”.

Neste contexto, refere a associação em comunicado, as empresas inquiridas afirmaram estar “em situação financeiramente má, mas para já estável”, caso a paragem da atividade não for demasiado prolongada no tempo.

O inquérito revela ainda que 75% das empresas não faz visitas nem angariações devido ao atual estado de emergência e uma percentagem idêntica assume estar em regime de teletrabalho, com os respetivos escritórios fechados.

“Alguns referem estar a aproveitar o tempo para reestruturar as empresas para a nova realidade, reorganizando ficheiros de imóveis e clientes e contactando-os no sentido de manter a relação viva e até para se reunirem virtualmente sempre que tal é necessário”, nota a ASMIP.

A percentagem de 25% de empresas que ainda fez visitas garante que tal “só aconteceu em casos muito excecionais, limitadas a uma pessoa, e apenas para concluir algum processo que já estava em curso”.

Segundo explicam, “com clientes novos isso não acontece, por restrição do estado de emergência, mas também por não haver clientes disponíveis para o fazerem”.

Entre os inquiridos, 68% garante ter visto negócios anulados, e destes, cerca de metade aponta para a anulação de até 10% dos negócios que tinha em conclusão e a outra metade para a perda de 20% a 30% desses negócios.

Números que, segundo a ASMIP, evidenciam “o elevado prejuízo nas muitas das vezes débeis estruturas financeiras das empresas de mediação imobiliária, sustentadas num negócio de continuidade que, de repente, sofreu um corte abrupto”.

No que se refere à realização das escrituras, o inquérito aponta para anulação de 46% do total, sendo que, para metade das empresas, “as escrituras anuladas significavam um peso nos seus negócios em curso de 100%, o que mostra as consequências ‘demolidoras’ para a sua atividade”.

Foi apurado ainda que 69% dessas escrituras foram anuladas pelos cartórios (32%) e pelos clientes compradores (37%), repartindo-se os restantes cancelamentos entre clientes vendedores e bancos, com 15,5% cada.

Entre as imobiliárias inquiridas, 56,5% garante ter perdido negócios que já estavam contratualizados, ou seja, para além da paralisação da atividade desde o início da quarentena, mais de metade das empresas deixou de concluir negócios em que vinham trabalhando há dias, semanas ou mesmo meses.

Questionadas sobre se o uso de plataformas multimédia seria suficiente para manter o interesse dos clientes na procura de casa, quase dois terços (65%) dos inquiridos rejeitou esta possibilidade, com 98,4% a referir uma menor procura dos clientes pela aquisição apenas por esta via e 75,8% a referir o mesmo nos casos do arrendamento.

Neste contexto, 60% das empresas garante que já está a tomar medidas para conseguir o retorno da atividade, embora a esmagadora maioria aponte para a incerteza existente.

A redução de custos fixos e o foco na motivação das equipas são duas das estratégias utilizadas, com alguns dos inquiridos a referir que irão manter a atividade, mas procurarão outras fontes de receita para a empresa.

Já noutros casos, as respostas apontam para a intenção de encerrar a atividade se a quarentena se alargar muito mais que os 14 dias iniciais previstos.

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