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COISA FRÁGIL

FRAGILIDADE, em maiúsculas, pois ela é grande. Este inimigo invisível, incolor, imperceptível aos sentidos que nos ensinaram
a ter medo, é real e não se vê, mas mata o bom samaritano como o maior crápula deste pedaço de cosmos que orbita à volta do Sol. O mesmo Sol que banhava as paredes da minha casa no tempo da quarentena, revelando através da janela a triste imagem das ruas desertas da cidade com maior densidade populacional do mundo. Não se via viva alma, a mesma alma da cidade que, como tantas outras, tinha desvanecido. Não fazia sentido, não servia o propósito de que se quis fazer cidade, o lugar onde os homens se encontram e constroem relações, sejam elas de que natureza forem. E assim, todos juntinhos, aprisionados ao pedaço de casa apercebi-me de que a vida passou a ser diferente desde a Covid-19. Tudo é frágil, porque a regra da multiplicação passa de fórmula matemática para uma questão de vida ou morte. Como o Homem nasce com a maravilhosa condição de Ser imperfeito, tem na essência a capacidade de se reinventar e criar solução pós-vírus. O mesmo Homem que olhou para o pássaro e inventou o avião; olhou para o peixe e construiu o submarino, vai olhar para o vírus e construir a maior ameaça que alguma vez inventou deste a bomba atómica. Com a diferença de que a bomba nasceu de um princípio interessante: a energia nuclear. A ideia era boa, mas melhor ainda foi a bomba. A SARS-CoV-2 já nasce bomba e servirá de Rainha das armas e de Rei dos medos. Não quero dar ideias, nem patentear nada, até porque haverá crápulas e mentes decrépitas a trabalhar o potencial que este vírus tem como ameaça aos inimigos e na proteção dos seus clubes exclusivos de armamentos e arsenais bélicos. Ide brincar às guerras será o mote; extinção do Homem poderá ser uma das conclusões. Como o vírus não mata quadrúpedes da arca de Noé, nem tão pouco polui oceanos, pode ser que faça a dizimação do bicho bípede e nos possa fazer reflectir sobre a ideia de Sartre: Quem sabe se o mundo não seria melhor sem os homens.

Alexandre Marreiros 27.03.2020

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