Paz e negociações (1)

por Arsenio Reis

Donald Trump é um homem muitas vezes mirabolante, cruel e rápido a mudar de opinião, fazendo promessas sem valor. Ordenou a morte de um general iraniano do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, seguindo-se uma retaliação do lado iraniano. Porém, Trump, em vez de anunciar um ataque militar contra o Irão, defendeu a decisão de assassinar este líder, e anunciou que não tem nenhum ataque planeado caso as forças norte-americanas não sejam atacadas. Neste contexto, Trump não deixou ainda de anunciar sanções económicas sobre o Irão, que continuarão até o país mudar de atitude. O discurso do presidente norte-americano também focou outros dois pontos: primeiro, salientou que todos os aliados dos Estados Unidos devem abandonar o Acordo Nuclear com o Irão e trabalhar para “chegar a um acordo com o Irão e tornar o mundo num lugar mais seguro e pacífico”. Trump descreveu o acordo como “inadequado”, e afirmou que o Irão deve abandonar todos os planos nucleares e o apoio a atos terroristas. Ao enfatizar tal, o presidente tenta que o mundo internacional chegue a um consenso com base na ideologia norte-americana, fazendo com que os aliados concordem com a saída do acordo e com um ataque ao país. Trump quer assim pressionar o Irão a aceitar um novo acordo com os norte-americanos. Em segundo lugar, salientou que os EUA não precisam mais de petróleo do Médio Oriente, e que vão continuar a exercer pressão sobre o regime iraniano através de “revoluções coloridas”, afirmando desejar “um grande futuro para o povo e líderes do Irão, e que estes o merecem”. Afirmou também que os EUA estão prontos para proclamar a paz com os que partilhem do mesmo desejo. Todo o discurso indica que pretende derrubar o regime iraniano. O Embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas sugeriu que sejam iniciadas negociações com o país, todavia estas “negociações sem quaisquer pré-requisitos” são problemáticas, pois assumem que o Irão não reconhece o atual acordo nuclear e que irá renegociar um novo com os EUA. Na verdade, Trump tem repetidamente tentado negociar diretamente com o Irão ao longo dos últimos dois anos, no entanto o país opõe-se, pois acredita que o que os EUA querem na verdade é um “Novo Acordo Nuclear Iraniano” em que existem “pré-requisitos”. A estratégia norte-americana passa, segundo a premissa de que o Irão se recusou a reconhecer o antigo acordo, por obrigar o país a entrar em negociações diretas com os EUA segundo os seus termos. O discurso de Trump carregou uma mensagem importante. 

* Editor Senior

David Chan 17.01.2020

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