Rodeados de guerra

por Arsenio Reis

Quando é que a guerra está mais perto de nós? Quando estamos num ambiente de paz. Quando estamos imersos na nossa vida, em dinheiro e entretenimento. A guerra nunca dorme nem morre, está sempre iminente. A atual tensão entre os EUA e a China tem-se tornado cada vez mais óbvia, principalmente com o desenvolver da opressão americana sobre a China. Esta guerra evolui e já chegou ao campo de batalha. 

Em termos comerciais, no dia 1 de agosto, Trump anunciou uma tarifa de 10 por cento sobre 300 mil milhões de dólares em produtos chineses, que pode depois crescer para 25 por cento ou ainda mais. É mais uma tentativa de exercer pressão sobre a China, e mostra que os EUA já impuseram tarifas sobre todas as importações chinesas a entrar no país, fazendo com que a guerra comercial sino-americana tenha agora chegado a um impasse. 

Ao mesmo tempo, os EUA estão ainda a atacar a posição da China dentro da Organização Mundial do Comércio e como país em desenvolvimento. Na guerra tecnológica, exceto empresas de tecnologia como a ZTE, Huawei, DJI, Hikvision e a JHICC, que estão excluídas deste embargo, os EUA impuseram limites ainda sobre instituições militares e instituições superiores de investigação e sobre a indústria de computação chinesas. O estado de emergência nacional direcionado à Huawei afetou também a posição da empresa e da tecnologia 5G chinesa em todo o mundo, e limitou a implementação da iniciativa “Made in China 2025” e todo o desenvolvimento da indústria de alta tecnologia do país. 

Em termos financeiros, a China abriu o mercado financeiro, fazendo com que várias instituições financeiras e agências de notação americanas tivessem acesso ao mercado chinês, tornando-se assim num dos poucos países a abrir esta parte ao resto do mundo. Porém, no dia 6 de agosto, Trump adicionou a China à sua lista de “manipuladores de moeda”, iniciando também uma guerra financeira e pondo a China numa posição crítica. 

Em termos militares, no dia 2 de agosto, os EUA recuaram do “Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio”, assinado com a Rússia, e ainda aumentaram o uso deste tipo de armas na Europa de Leste, elevando as tensões. Porém o alvo desta decisão não é só a Rússia, mas também a China. O país quer que a China participe em negociações para um novo tratado, mas como a China não tem um número de armas nucleares semelhante ao americano, o pedido foi recusado. E com a sua saída do tratado, os EUA anunciaram ainda a intenção de usar mísseis terrestres no continente asiático. Embora países como a Austrália, Coreia do Sul e Filipinas tenham já afirmado não aceitarem a utilização de tais armas em solo nacional, nada parece impedir os EUA de continuarem a desenvolver esta estratégia. E sendo a Austrália, Coreia do Sul e Japão aliados dos EUA na região da Ásia-Pacífico, ainda existe espaço para que Washington consiga o que quer. 

Tudo indica que os EUA irão continuar a tentar restringir a China também a nível militar. Desde o seu uso do sistema antimíssil THAAD na Coreia do Sul até misseis terrestres nas regiões vizinhas da China, os EUA parecem estar a preparar-se para uma guerra acesa. 

David Chan 13.09.2019

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