“Vamos passar a ter um campus de nível internacional”

por Arsenio Reis

O novo campus da Universidade de Cabo Verde abre as portas à internacionalização. Mobilidade é palavra chave no acordo com a Universidade da Cidade de Macau. O novo campus da Universidade de Cabo Verde, inteiramente financiado pela China, deverá estar pronto em meados do próximo ano. Em entrevista ao PLATAFORMA, o pró-reitor da Universidade de Cabo Verde, Aristides Silva, sublinha que o projeto vai permitir à instituição e ao país darem um salto ao nível do ensino superior, criando melhores condições para a internacionalização. Aristides Silva esteve em Macau para firmar um Memorando de Entendimento com a Universidade da Cidade de Macau, com o objetivo de promover a mobilidade e intercâmbio. Na calha está um plano para o desenvolvimento conjunto de um doutoramento em relações internacionais. Aristides Silva está otimista no aprofundamento dos laços, num contexto de uma agenda comum em termos de economia azul, e dos estudos das relações entre a China, Macau e os países lusófonos insulares. A última área tem sido uma aposta da UCM através do Instituto para a investigação China – Países de Língua Portuguesa, dinamizado pelo pró-reitor Ip Kuai Peng e pelo diretor-adjunto do Instituto Francisco Leandro.O acordo assinado na semana passado surge após uma visita de Ip e Leandro a Cabo Verde no final de junho.

– Qual é a importância deste protocolo entre da Universidade de Cabo Verde com a Universidade da Cidade de Macau?

Aristides Silva – Este protocolo vai permitir uma mobilidade internacional e uma troca de experiências. Faz todo o sentido este acordo com a Universidade Cidade de Macau, nomeadamente a possibilidade de mobilidade e pós-graduações conjuntas.

– Em concreto o que permite este memorando de entendimento?

A. S. – Ao nível do ensino estamos focados nas pós-graduações porque nos permitem uma mobilidade mais confortável. Numa licenciatura é mais complexo ter essa mobilidade. A nível dos projetos de investigação, estamos a trabalhar com várias outras universidades.

– Em que áreas há uma agenda comum?

A. S. – Existe um conjunto de atividades já desenvolvidas entre os governos da China e Cabo Verde. No que diz respeito ao ensino superior, temos o novo campos da Universidade Cabo Verde a as bolsas oferecidas pelo governo chinês. Com a Universidade da Cidade de Macau, as áreas de maior proximidade são as relações internacionais, economia.

– Estamos a falar de graus conjuntos?

A. S. – Há essa perspectiva. Há essa possibilidade de avançarmos com um doutoramento que aconteceria nos dois locais. Os alunos de Cabo Verde teriam que ter uma mobilidade de alguns meses aqui e os de Macau em Cabo Verde. Esse processo é novo para nós. A estrutura curricular é diferente. Vamos ver como vamos sincronizar os planos curriculares a nível das autoridades. Em segundo lugar, há a questão do financiamento para essa mobilidade. Mas como da parte da Universidade de Cabo Verde muito recentemente foi criado o Instituto Confúcio e temos uma boa relação com 我們將使教育服務多樣化 Vamos diversificar a nossa oferta educativa a Embaixada da China, acredito que isso poderá beneficiar essa mobilidade. O objetivo é abranger estudantes ou mesmo pessoal administrativo.

-Esta não é a primeira ligação da Universidade de Cabo Verde com Macau.

A. S. – Sim, temos uma primeira relação com o Instituto Politécnico de Macau. Além disso, temos acordos com seis universidades e instituições de ensino superior.

– Uma das áreas em que a Universidade Cidade de Macau está a apostar é nas relações da China com países insulares de língua portuguesa, com enfoque na cooperação ao nível da economia azul. Como encaram esta dinâmica?

A. S. – A economia azul faz parte do plano de desenvolvimento estratégico de Cabo Verde, juntamente com a economia verde. A Universidade de Cabo Verde está a liderar o projeto Empremar, que envolve incubadoras de empresas. Este protocolo vai abrir as portas para estas e outras áreas. Fiquei muito satisfeito com as palavras do Reitor da Universidade da Cidade de Macau . Conseguimos avançar em tempo recorde e isto demonstra a nossa capacidade de ativarmos mais parcerias.

– O novo campus da Universidade de Cabo Verde é financiado pela China. O que vai representar para o futuro da instituição?

A. S. – Representa algo de muito importante não apenas para a Universidade de Cabo Verde mas também para o nosso país. Em primeiro lugar, é o primeiro campus a ser concluído com cabeça, tronco e membros em Cabo Verde, um projeto completo. Isto significa muito para Cabo Verde, dando resposta às nossas necessidades. A empresa responsável é chinesa, mas trabalharam num processo em que para cada dois trabalhadores chineses houve um local envolvido. Já temos alguns acordos para termos mobilidade em termos de manutenção do espaço, já que vai ser uma experiência nova para nós. Vamos ter de ter técnicos preparados para a manutenção da universidade e traçar estratégias de sustentabilidade do campus.

– Como se pode comparar a estrutura do edifício com as universidades existentes na região?

A. S. – Acredito que está ao nível do melhor que existe na África Ocidental. Além disso, eu estudei na China e posso dizer que o novo campus está ao nível do que de melhor vi lá. Passamos a ter um campus de nível internacional.

– E em termos de recursos humanos, que salto será necessário dar?

A. S. – A Universidade de Cabo Verde tem vindo a investir no seu quadro, com o maior acervo de quadros qualificados de Cabo Verde. O maior número de doutores está na Universidade de Cabo Verde porque temos melhores condições em termos de estrutura, organizacional e contratual. Temos apoiado os docentes na qualificação com licenças, suportando financeiramente alguma parte. Estive três anos na China a fazer o doutoramento com apoio da Universidade. Temos estado a preparar-nos para esse passo. Temos aberto as portas a docentes estrageiros que vêm à Universidade para colaborar connosco.

– Com o novo campus haverá um alargamento da oferta educativa?

A. S. – Sim. Vamos diversificar a nossa oferta educativa e terá início uma nova era de procura de estudantes internacionais, particularmente na zona da África Ocidental. Temos estudantes de Angola, Timor-Leste e Guiné Equatorial. Mas ainda é um número limitado. Com o novo campus vamos tentar atrair também estudantes da Europa, não apenas pela qualidade que vamos ter no novo campus, mas também pela experiência que podemos proporcionar a estudantes estrangeiros. Falta encontrar soluções de bolsas para financiar essa dinâmica. Além disso, com o novo campus vamos ter residências para estudantes, que não existe no atual campus. Vamos ter três blocos de residências estudantis.

José Carlos Matias 06.09.2019

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