Cidade de Shenzhen preparada para substituir Hong Kong

por Arsenio Reis

decisão do Governo central de redefinir a posição de Shenzhen como uma zona de dåemostração de socialismo chinês foi impulsionada pelo conflito em Hong Kong, cidade vizinha. Porém, já anteriormente várias cidades costeiras chinesas quiseram imitar e superar o modelo de Hong Kong. Deng Xiaoping chegou até a afirmar há 40 anos que queria criar mais cidades como Hong Kong mas, por decisão do Governo central, cidades como Xangai e Shenzhen seguiram outras políticas. Ainda assim, Hong Kong continua a ser um elemento de competição para muitas cidades, levando a que as mesmas imitem até alguns dos aspetos culturais, incluindo o ritmo acelerado da população, a eficiência no trabalho, os restaurantes e cafés. 

Esta é por isso uma boa notícia para Shenzhen, mas existem ainda preocupações de que o primeiro setor a seguir o caminho de Hong Kong seja o do imobiliário, levando à subida dos preços da habitação na cidade. 

A preocupação parece ser exagerada, pois a situação de Hong Kong já nos deu lições sobre as consequências sociais que podem daí advir. Shenzhen, ao seguir os passos de Hong Kong nessa área, estaria a ter um comportamento suicida. Por isso, e antes do reposicionamento de Shenzhen, foi criado um novo sistema de habitação na cidade, definindo 60 por cento do terreno para habitação pública para arrendamento. 

Shenzhen deverá ainda aumentar a área da zona especial, seguindo o modelo de Singapura, dando à população vizinha da cidade um sentimento de pertença. Também existem preocupações porque o sistema legal e estilo de vida de Hong Kong se assemelham mais aos estilos britânico e americano, fazendo com que Shenzhen não seja capaz de substituir Hong Kong neste aspeto. 

Esta característica revela no entanto que várias forças ocidentais como o Reino Unido e os EUA apenas querem usar Hong Kong como uma colónia ao seu serviço. Como é que um país como a China, que está a renascer e a desenvolver a sua força como líder mundial, irá permitir que parte do seu território, Hong Kong, volte ao antigo estatuto de território concessionado? A China é uma grande potência, por isso, se alguma empresa ocidental quiser negociar com o país, terá de seguir o método e sistema legal chineses. O desenvolvimento do sistema legal e do modo de vida da população dependerá sempre das forças militar e económica do país. Aqueles que quiserem participar serão bem-vindos, e quem não quiser está livre de sair, tal como o meio-irmão do antigo presidente americano Barack Obama, que vive em Shenzhen há cerca de uma década.

Deve por isso haver uma definição clara da zona de demostração, com base em cinco pontos salientados pelo Governo central, nomeadamente o desenvolvimento de qualidade, demonstração do Estado de direito na cidade, uma civilização urbana, qualidade de vida para a população e um desenvolvimento sustentável. A prioridade é, no entanto, pôr em prática esta zona de demostração, fazendo com que esta conclua a fase de teste e crie um modelo de socialismo chinês focado no futuro. Servirá como referência, e no futuro a experiência de Shenzhen será extremamente útil para outras cidades, impulsionando também o seu desenvolvimento.  

David Chan 06.09.2019

 

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