Mulheres em palco: grupo de teatro traz a Macau peça “SonhaDor”

por Arsenio Reis

Vêm do Mindelo, na ilha de São Vicente, com uma peça que casa música e dança tradicional. “SonhaDor” sobe ao palco do Pequeno Auditório do Centro Cultural de Macau no quarta-feira/dia 4 de setembro, naquela que é uma das mais aguardadas peças do Festival Juvenil Internacional de Teatro, um evento que teve início na quarta-feira passada – realizado no âmbito do Arte Macau – e que traz à cidade companhias de teatro de onze países e regiões.

“SonhaDor” é a 58ª produção do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português, mas não se trata apenas de mais uma peça do grupo. O encenador João Branco explica ao PLATAFORMA que “este espetáculo foi montado para vir a Macau”, embora já tenha sido pré-estreado no Mindelo, em Cabo Verde, no dia 22 de agosto, o que permitiu uma primeira reação excecional”. Vir a Macau representa para o grupo um passo importante na media em que é a primeira vez que vão pisar um palco no Oriente, após presenças assíduas fora de portas, nomeadamente na Europa e Brasil.

Esta produção junta cinco intérpretes, mulheres, que também são co-criadoras, tendo contribuído também para a elaboração de um guião temático em torno do universo crioulo feminino de Cabo Verde. Em palco estão cinco mulheres: uma bailarina e coreógrafa, uma cantora e três atrizes, sendo que todas dançam, cantam e interpretam, “criando um corpo feminino muito poderoso”, que a partir de uma narrativa um pouco abstrata criarm um conjunto de pequenas histórias que têm múltiplas leituras, sem uma história linear”. Na verdade, sublinha João Branco, após a estreia na semana passada, houve pessoas que retiraram da peça a história de uma mulher em várias fases da vida ao passo que outras inferiram que estavam perante histórias de vida de cinco mulheres diferentes. Como será a reação do público de Macau? João Branco diz estar curioso por se tratar de um público maioritariamente chinês que não terá conhecimento de especificidades ligadas à cultura de Cabo Verde, “o que poderá fazer com que toque a audiência de uma outra forma, pela novidade e ineditismo ou beleza visual e plástica”. As histórias em palco misturam e fazem ponte entre a mulher que vive num meio mais tradicional e condicionado, e a que vive num universo urbano, mais emancipado. “Em Cabo Verde existem muitos contrastes sociais, dado que apesar de ser uma sociedade muito patriarcal é a mulher que sustenta todo o edifício familiar seja pela força do trabalho seja por cuidar da casa.

” Uma das mulheres em palco na quarta- -feira será Lisa Reis, uma das Sónias da peça, a que fala mais da saudade, da morte e da distância. Este espetáculo representou para Lisa Reis, “ir ao encontro de uma realidade a questão está tão ligada, sendo uma constante busca para perceber o que é ser mulher em Cabo Verde”.

José Carlos Matias 30.08.2019

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