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Para além de Ho Iat Seng

Ho Iat Seng é o escolhido. O colégio eleitoral formaliza-o em meados de Agosto, mas a bênção de Pequim – incontornável – é cristalina. Fontes chinesas apontam três motivos: percebe a lei e a ordem da Mãe Pátria; entende a lei e a circunstância da autonomia; sendo empresário – têxtil e brinquedos – criou riqueza sem jogo e especulação imobiliária. Em síntese, a China confia nele como decisor político, livre da distribuição de favores pela oligarquia local.
A tese é contestável; o perfil não é consensual; alternativas como Lionel Leong ou Alexis Tam representam visões mais frescas e modernizadoras – até mais autonómicas… o debate é saudável, rico e extenso. Mas, na prática, não tem caminho. A cultura política chinesa não favorece quem desafie o destino nem protege ideais alternativos.
O equilíbrio de forças – essencial – depende agora dos cinco secretários. Do Executivo atual, o único seguro é Wong Sio Chak, que pode até passar para a Administração e Justiça, ascendendo a número dois do Governo – de polícia a legislador, com a carga continental que verbaliza e pratica. Raimundo do Rosário despede-se; Sónia Chan perde a face de estandarte ideológico.
As muito disputadas pastas da Economia e dos Assuntos Sociais e Cultura dependem da leitura de Pequim sobre a renovação das concessões de jogo e a plataforma sino-lusófona: educação, cultura, bilinguismo… Lionel Leong e Alexis Tam têm perfil e histórico para a missão, mas também redes políticas mal atadas ao futuro Chefe do Executivo. Formalmente, ele propõe os secretários; na prática, Pequim tem a última palavra. Até porque, tendo os méritos que elevam ao cargo, não é nestas pastas que Ho Iat Seng é mais forte.

Paulo Rego 03.05.2019

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