Conselhos

por Arsenio Reis

Recentemente o presidente Donald Trump fez um raro telefonema ao antigo presidente americano Jimmy Carter e, curiosamente o tópico da conversa foi precisamente a China.
Trump confessou a Carter que sente que a China está a ultrapassar os EUA, e Carter aconselhou Trump a ripostar menos e a procurar utilizar as reservas financeiras nacionais para desenvolver a economia do país. No entanto, porque terá Trump decidido fazer tal telefonema a Carter? E será que irá ouvir o conselho do antigo presidente?
A chamada aconteceu no passado dia 14 de abril e abrangeu vários assuntos, incluindo a atual guerra comercial sino-americana. Sinceramente, não fiquei muito tranquilo quando ouvi que Trump tinha dito a Carter que a China estava a ultrapassar os EUA. Porém, a resposta deste foi: “Sabes porquê?”, expressando a opinião de que desde que o próprio normalizou as relações diplomáticas com a China, o país não se envolveu em qualquer conflito, ao contrário dos EUA. Carter acrescentou ainda que apenas em gastos militares a américa gastou já mais de 3 biliões de dólares, e a China não gastou nem um cêntimo. Essa é a razão que faz com que o país esteja a ultrapassar os EUA. Se esses 3 biliões tivessem sido investidos em construção de infraestruturas, o país também teria linhas ferroviárias de alta velocidade, pontes estáveis, estradas bem conservadas, e ainda teria conseguido poupar 2 biliões de dólares.
A Casa Branca confirmou imediatamente o telefonema, e explicou a razão para tal, afirmando que este aconteceu depois de Carter ter enviado uma carta a Trump no passado mês de janeiro, onde sugeriu a criação de um painel de seis peritos que ajudassem no desenvolvimento dos laços com a China.
Carter foi o 39º presidente dos EUA, e durante o seu mandato os laços entre os dois países foram normalizados. Mesmo depois de terminar funções como presidente, continuou ativamente a participar no trabalho de mediação de várias guerras e crises internacionais. Porém, esta parece ser a primeira vez que o próprio entra em contacto com Trump para discutir e sugerir medidas específicas. O atual presidente americano é conhecido por manter uma atitude de “frieza” na forma como se relaciona com antigos presidentes. Não só crítica a antiga primeira-dama e secretária de Estado, Hillary Clinton, como também o marido e antigo presidente Bill Clinton. Até a relação entre Trump e Barack Obama tem sido relativamente instável. Desde a posse que, repetidamente tem rejeitado medidas aprovadas durante o mandato de Obama, e o último tem também criticado várias políticas de Trump. Até George Bush, membro do mesmo partido de Trump, criticou algumas das suas medidas, e durante o período de campanha eleitoral favoreceu até Hillary Clinton.
Durante o telefonema com Trump, Carter salientou que os EUA devem tentar gerar menos conflitos a nível mundial, não devendo forçar outros países a adotar ideologias americanas nem se tornar num país beligerante. Todavia, Trump não parece ter seguido estes conselhos, tendo recentemente, no passado dia 18, adicionado novas sanções sobre a Venezuela e Cuba, e anunciando que irá iniciar investigações sobre o último país por este ter confiscado propriedade americana em 1959. No dia anterior, a 17, o Conselheiro de Segurança americano John R. Bolton usou uma linguagem especialmente severa para criticar Cuba, Venezuela e Nicarágua, apelidando-os de “troica tirânica”. Também no dia 16 de abril, Trump utilizou o seu poder para vetar a decisão de interromper a guerra no Iémen. O presidente argumentou que se as forças americanas pararem de intervir, a política externa americana e as relações bilaterais com outros países poderão ser afetadas.

David Chan 26.04.2019
Editor sénior

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!