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Os resultados das eleições intercalares e a inalterável política em relação à China

As recentes eleições intercalares dos Estados Unidos salientaram a divisão atual no Congresso americano. Tendo em conta que atualmente o Partido Republicano de Donald Trump e a oposição democrata controlam cada um uma parte do congresso, de que forma poderá esta instituição dividida afetar a China? Alguns acreditam que a Câmara dos Representantes, controlada pelo Partido  Democrata, irá ser um problema para Trump, por exemplo na  política em relação à China, reduzindo a pressão exercida sobre o país. Porém, este é um pensamento ilusório, sendo que o mais provável é a atitude americana não mudar. Primeiramente, ambos os partidos têm um historial agressivo com a China, por isso, qualquer que seja o que tenha maioria no Congresso, isso não irá ter grande influência. A única diferença este ano foi a nova direção política que Trump decidiu assumir. Tomemos como exemplo a  decisão em relação à mudança da embaixada americana em Israel para Jerusalém. Esta foi aprovada há já 20 anos atrás, no entanto, Clinton, Bush e Obama adiaram sempre esta mudança, suspendendo o problema por tempo indeterminado. Trump decidiu ignorar a oposição da comunidade internacional e autorizou imediatamente a alteração. Na verdade, o Congresso americano tem, mais do que o presidente, assumido uma posição severa em relação à China, e Trump acredita que qualquer problema de diplomacia internacional deverá ficar a cargo do Congresso, que deve então assumir uma política rígida contra a China, como por exemplo no caso do Ato de Modernização de Risco de Investimento Estrangeiro. Esta hostilidade do Congresso para com a China não nasceu da noite para o dia, tem uma base ideológica, refletindo a incapacidade americana de lidar com o contínuo crescimento chinês. A discrepância entre os dois países está a diminuir, as vozes do resto do mundo estão a ter um impacto cada vez maior e a causar um sentimento de medo e insegurança entre a elite americana. Todavia, a polarização em que os dois partidos dos EUA se encontram neste momento faz com que o Partido Republicano não consiga aproveitar certas oportunidades de posicionamento internacional estratégico. Desde a Guerra Fria que os Estados Unidos têm discriminado a ideologia chinesa e menosprezado a força do país, e tal atitude não deve sofrer alteração no futuro próximo. 

Na área do comércio externo, Donald Trump abandonou a tradicional posição republicana de radicalidade em relação à diplomacia e comércio livre. Na madrugada de dia 7 de novembro, o presidente americano partilhou no Twitter que tinha recebido várias mensagens de parabéns, incluindo de alguns líderes internacionais que esperam conseguir assinar acordos comerciais com os EUA. Se após estas eleições o líder americano continuar a trabalhar nas  relações com a Rússia e a Coreia do Norte, resolver o  conflito comercial com a China e melhorar os laços com o país, o Congresso irá com certeza fazer-se ouvir e criar alguma oposição. Em 2020 Trump irá novamente candidatar-se à presidência e não está completamente de parte a possibilidade de que volte a jogar a “carta da China”, visto esta ser sempre uma questão relevante nas eleições americanas. Durante a campanha eleitoral de Trump em 2016 o próprio repetiu as mesmas ideias, e ao longo dos próximos dois anos irá enfrentar resistência no Governo e pressão durante a  campanha, nada garantindo que não volte a criar problemas com a China e a exagerar ameaças externas. Assim, durante os próximos dois anos o clima estará ao rubro, tanto a nível nacional como internacional, e a China poderá em qualquer momento ser alvo dos EUA.  

David Chan 16.11.2018

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