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Continuidade, evolução e mudança

Na comemoração dos 40 anos do início do processo de abertura sabiamente delineado e implementado por Deng Xiaoping, o presidente Xi Jinping fez questão de sublinhar em Pequim o papel insubstituível de Macau e de Hong Kong neste processo extraordinário. Perante os Chefes do Executivo, o discurso do líder não podia ser mais elogioso. Mas também deixou recados. Sobre Macau, Xi refirmou a importância da estratégia Um Centro (de turismo e lazer) Uma Plataforma (com a lusofonia), algo que ganha um peso especial nas palavras do presidente, a par da importância de Macau ser  uma ponte e comunicação com o estrangeiro. A RAEM foi também incentivada a apostar forte nos projetos charneira Faixa e Rota e Grande Baía e a criar mecanismos que gerem um novo motor de crescimento económico. Não passou despercebida uma outra mensagem: a necessidade da RAEM “elevar a sua capacidade de administração”. 

Em todos estes vetores há muito por fazer, mas este último afigura-se como central para uma boa parte da sociedade local. Ao longo destes quase dez anos de liderança do executivo por parte de Chui Sai On não foram dados os saltos em frente necessários para uma administração mais eficiente e mais capaz de responder a vários anseios e necessidades da população, não obstante a expansão de verbas utilizadas com as mais variadas políticas sociais.  Questionado sobre quem o irá suceder dentro de pouco mais de um ano, Chui salientou a linha de continuidade que deverá marcar o próximo ciclo, na prossecução dos vários projetos de desenvolvimento, independentemente de quem será o próximo líder do governo. Sendo a continuidade natural ela poderá resultar em estagnação ou retrocesso, sem a necessária evolução e mudança. 

O caminho passa por não estar tolhido pelo medo da própria sombra e ter coragem para decidir contra interesses estabelecidos que se enquistam no sistema, formando obstáculos ao processo de modernização que possa verdadeiramente traduzir a quantidade (de patacas) em qualidade (de vida). 

O protagonista que vier a ser encontrado para suceder a Chui terá em mãos a missão de não apenas concretizar o muito que ficou por fazer, mas também protagonizar uma visão de futuro pautada por  um apurado sentido de justiça social, planeamento, desenvolvimento económico sustentável e diversificado, transparência, esperança para os jovens, além de um foco na integração regional, sem descurar a autonomia. Tudo isto sendo fiel à boa tradição secular de Macau como cidade aberta ao exterior e tolerante,  traduzindo palavras em atos e pensamento (próprio) em ação. Com sentido de continuidade, mas sobretudo de evolução e mudança.    

José Carlos Matias 16.11.2018

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